sábado, 26 de maio de 2012

De outros amores

Preciso de alguém que me ame. Ou que ao menos diga por vezes que ama. Não precisa ser convincente. Um pouco repetitivo precisa ser. Nada muito extravagante, nem de muita criatividade, erudição, excelência ou exclusividade. Nada de muito elaborado.

Preciso de "eu te amo"s sistemáticos, cíclicos, mas constante. Nem precisão ser muito representativo. Já deu pra entender que não preciso acreditar neles, mas apenas ouvi-los.

Podem não ser "eu te amos"s de amor, podem ser de paixão, admiração, tesão e em alguns poucos momentos até os de clemência serão bem vindos. Quero ouvi-los pela manhã sem nenhum motivo especial, à tarde para mudar meu humor, à noite para dormir bem.

Quero "eu te amo" que dure breves eternidades na lembrança ou infinitos segundos após o gozo. Quero "eu te amo" vírgula de beijo, ponto final de afago, ou principio de abraço. Quero "eu te amo" orgasmo, brincadeira sem graça, piada, respeito, solenidade. Quero "eu te amo" platônicos e confusos.

Não quero um amor verdadeiro guardado a sete chaves num cofre, prefiro que seja livre e intenso e acessível mesmo que seja falso na mesma intensidade. Quero um amor dado a mim e não guardado para quem ama. Dispenso verdade amor de vitrine, quero o amor que é o que faz.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Quem é Jonh Galt?

É, parece que você não sabe. Parece, é estranho dizer isso quando devia dizer é que você não sabe mesmo. Não menosprezando você, mas apenas me dando o ar da certeza que no fim das contas eu tenho que ter. Só que lá no fundo da alma ainda brilha aquelas luz verde sabe? "A esperança é a ultima que morre", não é assim que dizem. A minha não morre, ainda espero que alguém em algum lugar ainda possa resolver tudo, espero encontrar alguém com o poder mágico e divino de superar as expectativas que andam tão baixas por esses tempos. Sei que você não tem culpa. Ninguém tem não é? Isso é só outro modo de dizer que todos têm culpa sabia? Mas isso se repete cada vez mais, o senso de se livrar da culpa é maior do que a vontade de resolver o problema. É melhor procurar e apontar quem deve ser crucificado do que ajudar a carregar a cruz. Mas no fim das contas tudo bem, não posso exigir que você entenda, ou pense diferente, é assim que se pensa hoje em dia. É, parece que você não sabe mesmo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

COCA para os ricos
COLA para os pobres
e
ERVA para a classe média que quer garantido seu direito de também viajar em apenas quatro letras.

sábado, 5 de novembro de 2011

Diarista

É que no amor do dia a dia não cabe tanta verdade, tantos olhares sinceros, tantas vontades e desejos pessoais. Esse amor precisa do mel que envolve a mentira linda, do desvio dos olhos, da abdicação em favor do outro.


Não se vive o amor no amor do dia a dia, se abandona o amor a si e o amor ao amor. Só se ama a outra pessoa que pode, por sorte, vir a amar só você e então se cria um equilíbrio satisfatório. Caso contrario, para um dos dois, não há amor. Há o que ama o outro e o outro que só ama a si e/ou ama esta amando, esta sendo amado e fim.

Se se ama como o amor, se liberta, se completa, se amadurece e retorna a infância. Amor nem com amor se paga, o amor do dia a dia exige retorno, atenção, quer sua devida retribuição com risco de SPC ou causa na justiça.

O amor do dia a dia não é amor. Até é de direito, mas não de fato. É sem nuca ter sido. Amor é ser aceito e liberto, amor do dia a dia é ser preso e moldado ao gosto do amor de alguém.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Novidades

Amigos,


As novidades para o futuro se mostram ótimas. Dentro de algumas semanas “Cartas de um Desromance de Cartas” excede o nível virtual e passa a ser o livro “Cartas de um Romance de Cartas” publicado pela editora Scotecci. Isso mesmo amigos; um livro, mais que um sonho que se torna realidade algo que eterniza e reconhece o potencial deste espaço.

Em breve mais novidades desta nova fase.

Das emoções dos relógios

Se sei que você vem às quatro horas, viajo no relógio assim que desligo o telefone. Viajo nas molas e rodinhas que fazem cada vez mais esforço para que os ponteiros corram mais lento, penso as vezes que chegam até andar para trás. Vez por outra, meu mundo se limita a porta que, contra a minha vontade e a do resto do universo, se nega a cuspir você que já esta as costas dela. Burra porta! Burra porta como uma porta!


Então sua hora chega, mas só depois do teu cheiro e tua voz. Chegam as quatro só depois de todo eterno das 3:50, depois o das 3:55, 3:56, 3:57, 3:58 e a purgação das 3:59.

Só que as quatro, você não chega e de salto surge as 4:05 e 4:10, a alerta 4:15 e a angustiante 4:25. Mas, antes das 4:30 e sua depressão, você entra enchendo a sala de luz e o espírito de D’us paira livre sobre as águas.

sábado, 27 de agosto de 2011

A Anaïs Nin

Conheci Anaïs por acaso, me interessei um dia quando a vi de relance, assim meio perdido no mundo, procurando outras coisas, outras pessoas. Então a vi de novo, e de novo e vi que ela estava em vários lugares que eu sempre ia.


Meio tímido me aproximei e mal a conheci quis devora-la em minutos. Tomou meus dias, meus pensamentos. Vagueei pensamentos em ónibus, banheiros, filas. Queria saber mais, sempre mais, te-la sempre perto.

Seu pensamento me fascinava, sua historia me comovia. Anaïs se tornava a cada dia mais presente em mim. No que eu falava,pensava e escrevia agora tinha sempre algo que me fazia pensar: Anaïs também faria assim.

Com tempo fui descobrindo mais coisas em comum. Descobri que Caio também a admirava, citava e se inspirava. E outros e mais outros. Anaïs era tudo aquilo que eu pensava, porque era tudo aquilo para outras pessoas também.

Então descobri mais sobre Anaïs, me tornei intimo. Agora sabia seus gostos. Conheci seu sexo, seus desejos. Anaïs a cada dia se tornava mais de carne e osso para mim. De uma ideia Anaïs se fez uma verdade, uma presença.

Hoje Anaïs me reflete. Se estou calmo, estou calmo como Anaïs, se penso ou se falo comparo com as ideias dela. Quero amar com sua intensidade. Escrever com sua sinceridade e emoção. Anaïs é um desejo, uma meta, um modelo. Anaïs paz e paixão. Anaïs é o amor na sua forma mais livre e pura.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dos eus e de mim

Foi a primeira que vi meu nome escrito que não fosse para mim, ou que não fosse alguma forma oficial e impessoal de escrever sobre alguém. Era lá meu nome escrito numa historia que não era minha e não era sobre mim. Passei então a ter certa simpatia por ele. Nunca tive sabe, aprendi a conviver com isso sem dar atenção mais nunca dispondo do meu bem estar para com ele.

Achava bonito a escrita, tentava capricha-la na minha letra, e as vezes ate conseguia, mas a fonética era o que o distruia sobre meus gostos. Aquele "e" solto demais no final e aquele monte de consoantes todas juntas no meio que faziam a garganta se fechar toda para por o som para fora me incomodavam. Era inarmónico. Existe isso inarmónico? Deve existir, se não, era o contrario de harmónico. Era desprovido de musicalidade.

Mas eu aprendi o bem viver junto a ele. A ponto de desprezar os apelidos e diminutivos. A ponto de caprichar nas assinaturas. E a ponto de, ao ter meu nome perguntado, eu responder: Eu sou André. Eu não me chamo, nem sou chamado. Eu sou sabe? Como se meu nome fosse uma parte de mim e não algo que carrego por obrigação. Como se fosse parte da minha personalidade, do meu corpo e da minha alma.

Então naquele momento onde meu nome não representava nada disso, nem de outras coisas, ele me pareceu simpático. Eu o olhei, reli e sorri. Aquela escrita era algo de dentro de mim mesmo não se referindo a mim e aquele som, tão aquele som era o meu som. E era diferente, mas não deixava de ter sua mais profunda beleza.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fatos

Novamente estamos na via de mão unica que é meu relacionamento com você. Aquele velho tome o file mas por favor não me tire meu osso.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ouvidos

... Você amou um alguém porque queria o seu sentimento de revolta. Depois amou outro do qual queria a estabilidade, a maturidade. E a mim? Você me olha e diz que comigo é diferente, mas assim o é porque? Você me ama porque me ama ou ama porque admira e quer algo de mim? Algo em mim? Ama a mim como um todo ou certas partes que deseja para si? Você me ama ou me inveja? Me quer ou quer o que eu tenho? Me quer ou quer ser eu, quer o que eu sou?

domingo, 26 de junho de 2011

- Tá escutando? - Tô!

Ele fechou a porta e antes mesmo de ouvir o click que confirmava o fechar da porta deu-se as lágrimas. Chorou aos soluções. Deixou mesmo que as lágrimas corressem. Mais por necessidade de chorar do que de tristeza. Tristeza quase nem existia na verdade, eram lágrimas de tudo. De tudo que ele precisava chorar e não chorou durante todo aquele tempo. Eram lágrimas de decepção, angustia, dó, pesar, alegria desespero, amor, derrota, vitória e uma certa quantidade de tristeza também. Não eram lágrimas de tristeza, mas lágrimas que continham tristeza. Com as lágrimas também se foram o peso nos ombros, o vazio da alma e a dor do peito. Foram da mesma forma que as lágrimas, escorrendo. Sentiram que estavam a muito tempo ali e resolveram ir, achando que era uma boa hora e bem possível fosse. Talvez não tivessem uma nova oportunidade.


Então ele sentou. Não enxugou as lágrimas. Deixou que elas escorressem até onde pudessem e depois que secassem no rosto. O sangue fica na navalha, aprendeu um dia num passado distante, então as lágrimas devem ficar no rosto.

Olhou para frente e viu que mesmo que quisesse não conseguiria mais olhar para trás. Se projetou no horizonte, viu suas próximas horas, seus próximos dias e anos. Sentiu vontade e somente quando ela se fez notar deu o primeiro passo. A estrada para o amanhã é longa mas não precisa ser árdua. Seguiu em frente e se foi na direção da luz.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Lombra

Eu paradão na minha viagem e ela não parava de falar. Falava, falava, falava...
Eu olhava pra ela, as vezes olhava pros lados e por outras atraves dela.
Até que ela parou de falar, me olhou e disse:

- Voce não acha?

E eu sabia lá o que achar.
Olhei de volta pra ela com a cara de quem resolve os enigmas do universo e disse:

- Só lembrei de Tony Tornado!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Suburbio

Imagino que em mil novecentos bolinha, morar por ali fosse bem mais difícil. Beeeem mais difícil mesmo com todos os "e's" que a intonação precisa a sua ênfase. Não digo nem pela distancia ou acessibilidade, mas pelo visual mesmo. Uma dezena de quarteirões todos formados por duas fileiras de casas iguais, só variando a cor que se repetiam a cada três casas. Isso devia ser horrível. O pesadelo de todo arquiteto, design, ou quem intender disso a ponto de ser um pesadelo.

Com um tempo as coisas foram mudando. Mudavam os portões, os muros (cada vez mais para cima), as fachadas, os janelões. Com tempo veio a moda de se matar um dos corredores para se aumentar a cozinha e o terraço ou a sala e os quartos. Depois tirar as entradas nos quartos que só serviam para se fazer guarda-roupa embutido.

Minha família optou por aumentar o terraço apenas e assim ganhamos um cómodo para quinquilharias no espaço entre a cozinha e o muro (antes o corredor). Depois foi feita a mudança nos quartos, depois outras tantos para poder vir a aumento da cozinha. Não sei porque a ordem. Necessidade, vontade, ou dinheiro mesmo.

Depois as mudanças perderam seus padrões e as casas por consequencia também perderam. Tudo ficou completamente diferente, colorido, de tamanhos e formas variadas (parece que to fazendo propaganda de vibrador) e nem era mais tão difícil ou longe morar lá.

Inocência

Tenho uma amiga (conhecida na verdade) que morro de vontade de dizer para que ela não sorria durante as fotos. Sabe como é isso? Já deu algo parecido em você? Não para ofender ou diminuir. Na verdade só não digo porque tenho medo de ofender. Mas para o bem da propria pessoa.


Ela é até uma menina bonita, já ficamos em outros tempos bem passados, mas já nessa época eu tinha vontade de dizer - Quando for tirar foto num ri não. Pensei em algum tipo de conselho, desvio de assunto, elogiar outros sentidos - Você devia sempre fazer cara de quem tá pensando sabe? Você fica linda assim, ou - Sair rindo ta fora de moda..., ou mesmo qualquer coisa que não fosse dizer que o riso dela é horrível nas fotos.

Acredito que a grande maioria das pessoas já tenha passado por algo parecido de um dos lados da moeda. Eu dou graças por ter amigos sinceros ao pontos de dar suas opiniões aparentemente negativas sobre roupas, cortes de cabelo e demais coisas que levam a essa situação, mas não sei como funciona para ou outros. Então le it be.

Por fim, tomara que ela não leia, se lê que não se identifique e se se identificar que não se ofenda. Se ofender que foda-se mesmo... com aquela cara tronxa nas fotos...

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Lilith sem esquecer de Eva

Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais. Porra, mas por acaso você conhece alguma mulher "normal"? A mulher normal de Nelson Rodrigues era aquela mulher que levava a paulada na cabeça e era arrastada pelos cabelos na idade da pedra. Era da mulher que Ataulpho Alves chamou de Amélia, que falava o anjo pornográfico em suas linhas.

Mas essa mulher "normal" (que já era espécie em extinção quando Nelson escreveu sua máxima) são ainda mais escassas nos dias de hoje. Hoje a mulher fugiu dessa normalidade. Quer ser conquistada, mimada e amada. Quer, deseja e lutar por uma vida cada vez melhor. Se mata pela vaidade nas academias, clínicas de estéticas.

Não deixou de sofrer, mas prefere sofrer nos regimes começados nas segundas (e terminados antes das terças) a passar fome e sorrir. Não se incomoda de ter os músculos doendo, mas que seja pelos pesos e posições nos exercícios por aquela barriguinha reta e bumbum durinho.

A mulher "normal" não existe porque nós homens relutamos, mas vimos que a mulher anormal de hoje é melhor. Porque ela nos deixaram sentir que elas também sentem (e gostam) de prazer, tesão e que é melhor quando os dois sentem aquilo tudo. Vimos assim que tudo isso + amor fica ainda melhor.

A mulher "normal" dona de casa, santa, casta e frígida esperando na cozinha, na sala e na cama perdeu para a companheira, dama na rua e puta na cama, que diz que quer e quando quer.

A mulher "normal" queimou soutien, fez passeata, greve, pois a cara no mundo e ganhou espaço, leis e mais direitos e menos deveres. Foi reconhecida, mostrou que sabe, que pensa, que manda, que vota, que administra e que ainda sente, ama, menstrua, chora e dá luz, sem esquecer o batom e de combinar as peças da roupa.

A mulher "anormal" conquistou o mundo e no mundo da mulher não cabe a violência dos homens. Nesse mundo de céu rosa-choque, todas as mulheres gostam de amor, carinho, atenção, tesão e flores de vez em quando. Nesse mundo nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais. Mas porra, você habitante deste mundo, conhece por ele alguma mulher "normal"?

terça-feira, 15 de março de 2011

Na casa dos espelhos

Espelhos são as coisas mais sinceras que você pode encontrar. Ao menos na sua maioria. Assim como as pessoas tem aqueles bajuladores, aqueles que só querem te botar pra baixo, os do contra, mas no geral, espelhos são muito sinceros.


Quando podia, dispendia horas do meu dia frente ao espelho. Ainda tento aproveitar uns minutos ainda hoje. E olhando para espelhos tive grandes lições, fiz descobertas, respondi paradoxos, me conheci, entendi outras pessoas. Tuda graças ao tão sabio espelho.

Ouvi de certos espelhos coisas que nem eu mesmo ousava me dizer. Encontrei nele a solução de grandes misterios da pisquê humana. Foi olhando para um espelho que montei estrategias para fugir do desespero. Planejei meios de espantar a solidão. Foi um espelho que me convenceu a abrir meu coração e meu deu coragem para mostrar meu sentimentos.

Qual magica pois é essa criatura. Tão forte e tão sigila. Tão poderosa e tão humilde. O que seria de mim e dos demais Narcisos da era atomica se fossem os espelhos que nos mostram nossas faces, nossos olhos e nossas almas.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

FDS

E eu acordei. Plena segunda-feira.


Pior do que acordar de um sonho, acordar de um bom sonho é acordar de um bom sonho plena segunda-feira. Todo aquele banho frio de realidade nas costas tende ao insuportável. É preciso ser muito pra suportar. Muito mesmo. Muito calmo, muito feliz. Muito sereno. Muito macho. Mesmo que você seja mulher é necessário ser muito macho para acordar de um bom sonho plena segunda-feira.

Assim eu acordei plena segunda-feira. Como quem acorda de um bom sonho. Mas nem mesmo tinha sido sonho. Meu corpo me dizia: não foi sonho. Me sussurrava isso na vontade de permanecer na cama e quando eu não quis ouvi-lo me gritou nos cheiros pela minha pele e na sensibilidade do meu pau.

Não foi um sonho, foi um fim de semana. Eu me dizia. Meu corpo me dizia. Me dizia dos toques nos cheiros da pele. Me dizia da paixão na senilidade de um pau tão requisitado. Me dizia da necessidade de mais de nos mesmos, da vontade de não acabar na vontade de permanecer na cama.

Então acordei, plena segunda-feira, como quem acorda de um sonho bom, mas que não foi sonho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Das doenças contemporaneas

O medico foi catedrático quando lhe deu seu diagnostico.


- Seu problema amigo - interrompeu, detestava ser chamado de amigo - desculpe, seu problema não passa de falta de leitura.

Alem do insulto de ser chamado de amigo ficou boquiaberto de surpresa com noticia de sua terrível enfermidade.

- Mas falta de leitura doutor? Acaso isso realmente pode fazer mal assim? Isso lá é doença?

O medico olhou-o por detrás dos óculos como se quisesse enxergar por trás de seus olhos dizendo profeticamente.

- Mas claro! Você tem a necessidade de viver pois não sentiu. Falta de leitura - persistiu o medico entre o abanar da própria cabeça redonda, careca e ridiculamente pequena - falta de leitura - concluiu num suspiro.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Seção do Descarrego

- Ela me olhou nos olhos e disse: André, você é uma pééééssima influencia. Enfatizou bastante no é, sabe?
- E você?
- Só consegui pensar nas palavrinhas magicas quando fui responder...
- Muito obrigado?
- Nãããão! Foda-se mesmo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dos S's, dos sentimentos e dos sabores

Não sei se também acontece assim para você, mas particularmente, odeio explicar o que escrevo. Dizer que fiz por causa disso, por esse ou aquele motivo, com essa ou aquela intenção. Fica parecendo que o que escrevi é pouco, é preso. Eu escrevo para me libertar e criar algo preso para saciar um sentimento de liberdade é uma puta sacanagem.
Gosto dessa palavra: sacanagem. Tem um som bem legal de se falar, sacanagem. Também gosto de falar merda, mas quando falo com o é bem aberto. Méérda, sabe? Mas isso não tem nada com o que to querendo dizer.
A verdade é que escrevo para me libertar, mas quase nunca escrevo para mim e poucas vezes escrevo de mim. Da pra entender? Minha intenção é que alguém leia e entenda, mas que esse alguém não seja eu. Não tenho a mínima vontade de ler o que escrevo, nem de sentir o que tem lá. Até quando escrevo meus romances pessoais quero que a pessoa amada leia, sinta e não eu. Eu já senti quando fiz e se fiz é porque venho sentindo.
Quando escrevo qualquer coisa não tenho a mínima pretensão de se entenda o que eu queria dizer quando escrevi. Quero que se entenda o que se entendeu quando leu. Claro que é diferente. Eu não sabia do que você estava sentindo quando eu escrevi, talvez nem soubesse quem você era quando escrevi. Então porque tinha que saber o que você sentia?
Então fico muito feliz quando me felicitam, quando me dizem o que sentiram ao ler (sim, eu gosto muito de saber quais sentimentos a pessoa teve quando leu), mas detesto ter que dizer eu os sentimentos que se deveria ter ao ler. Sinto-me invadido e invasor.
Acho que a coisa funciona como fazer uma comida. Você tem uma intenção de dar um sabor aquilo, mas cada pessoa acaba sentindo esse sabor de forma diferente. E, na maioria das vezes, você está tão enjoado de ter feito a comida que não quer nem experimentar pra saber o gosto. Quer saber se alguém achou salgado ou insosso, mas não que saber se está salgado ou insosso para você mesmo. Sei que é complicado, mas dá pra entender?
Bom se entender, entenda sozinho. Quando colocar o ultimo ponto final nessas frases talvez nem leia para revisar. Então não quero e talvez não venha a descobri se são doces, salgadas ou insossas. São, por final, só frases, que seu coração fizeram de sentimentos porque outro coração (o meu) as fez por sentimento. Na maioria das vezes, por sentimentos que não são os mesmos dos seus, mas estavam lá e o coração mais do que qualquer outra entidade cósmica sabe entender e encontrar sentimentos... Que coisa mais brega, falar de coração e entidades cósmicas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Risadas Sonoras

Eu, me desiludo então e descubro que não presto.
Não que seja alguém de índole ruim ou questionável, eu apenas não presto.
Da risada ao gosto musical, passando pelas roupas, amizades e desejos pelo futuro.
Descubro que tudo que sou é meu corpo.
Que sou apenas as noites de sexo, os afagos e consolos.
Nada sou que conto nem com o que se conte.
Eu simplesmente não presto.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Das fugas dos Sátiros e Ninfas

Ao chegar cedo pela manhã no escritório, como em todos os dias, sua caixa de e-mail estava cheia. A maioria de mensagens inúteis apagadas levianamente. Parou em algumas para checar e depois de três inúteis seguidas seu coração gelou com o nome do remetente da mensagem que surgia. Sim, não havia duvidas, era dela. Por mais que se tratasse de seu e-mail de trabalho o assunto na mensagem dela demonstrava que seu conteúdo era bem pessoal. Não leu e exclui. Não definitivamente. Sabia que a mensagem ainda passaria uns dias na lixeira.
Ainda pela manhã, apos uma pausa para o café, ao retornar a sua mesa seu celular piscava uma chamada não atendida. O que era bem normal para um homem tão ocupado. Não deu muita atenção até o olhar no aparelho e ver o numero sem um nome associado, mas que ele reconhecia que era o dela.
Sabia que não se tratava se uma noticia ruim. Se fosse já estaria sabendo. As noticias ruins são as primeiras que chegam. Então bateu a duvida do que seria. Depois de tanto tempo e desencontros o que será que ela queria? Preferiu não pensar nisso e com grande esforço e dedicação ao trabalho conseguiu.
No fim da tarde toca o telefone em sua mesa. A secretaria de voz gasguita fala do outro lado e anuncia que a Sr.ª XXXX XXXXXXXX pede para falar com ele. Novamente o coração gela e ele pede para dizer que não está, já saiu e que ligue outra hora. A secretaria em tom de desconcerto diz que ela não esta numa ligação, mas de pé na ante-sala do escritório dele. Desligou o telefone e respirou fundo. Teria que vê-la.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

clAMOR

Meu reino por um "eu te amo" sincero
Minhas riquezas por afagos de carinho
Meu mundo por um dia de paz
Minha alma por uma noite amor

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Walkman

Eu não ouço eles
e eles não percebem.
Seus baralhos,
gritos,
assobios,
estalos e buzinas não me atingem.
Eles não notam,
mesmo os que tentam chamar minha atenção.
Mendigos pedindo esmolas,
meninas afoitas pedindo atenção
e perdidos pedido informação
não percebem que eu não os ouço.
Já eu,
sem ouvir,
continuo com meus passos.
As vezes sendo xingado por não ouvir.
Mas eu não ligo sabe.
Afinal, eu nem os ouço.

Retrato

Olhando para os lados, descobri que as pessoas são feias.
Todas as pessoas são feias.
Todas elas.
Da Miss Universo
a louca que passa na rua falando com ela mesma,
todas as sãos feias.
Agente é que às vezes sente coragem de olhar nos olhos de uma delas.
Sente uma empatia
por ela também ser feia.
E sente uma pena pela pobrezinha ser feia.
Então assim,
do nada,
ela fica bonita.
Linda para alguns.
E é assim que o mundo vai ficando mais bonito.

Paradoxo

Quem eu sou, se não sou eu mesmo?

Olho no espelho e vejo eu.

Vejo o rosto, os cabelos e o corpo

que reconheço como meus.

Ouço a minha a voz e sei que é minha.

As letras no papel são as que eu sempre fiz.

Mas quem sou eu?

Quem eu sou, se não sou eu mesmo?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dialogo

Ela olhou para ele com olhos marejados e perguntou:

- E se eu perder tudo, o que vou ter?

Ele olhou nos olhos dela com seus olhos brilhando e respondeu:

- A mim e a oportunidade de construirmos tudo de novo.

Carta de um ex-suicida

Amanhã, assim que acordar, deixe um pouco dos raios do sol invadir seus olhos, feche-os novamente logo depois. Tente esvaziar sua mente de qualquer pensamento, não é uma coisa fácil, não precisa conseguir, mas tente o fazer o máximo que puder. Assim que se sentir preparado fale com seu coração e agradeça. Isso mesmo, agradeça. Não importa a quem, não importa se você acredita em D’us, ou em qual Deles você acredita. Apenas faça.
Agradeça pelo dia que acaba de ganhar. Eu sei que o dia ainda não te deu nada nesse momento, mas alguém te deu a possibilidade de viver aquele dia e todas as coisas que podem acontecer nele. Você pode encontrar o amor da sua vida, conseguir um novo emprego e fazer coisas incríveis nele, então agradeça por isso. Por outro lado, aquele pode ser seu ultimo dia, você pode perder o emprego, bater o carro, ou ser acometido por qualquer coisa desagradável. Então agradeça, antes que perca a oportunidade ou o empenho de fazer.
Após isso, agradeça pelo dia que passou. Não importa se foi bom ou ruim. Você teve a dádiva de viver mais um dia completo, todas as 24 horas. Para alguns animais, isso é toda uma vida. Então agradeça pela oportunidade de viver tudo o que você viveu. Agradeça as novas lições, as boas e ruins.
Agradeça pelas pessoas que conheceu, mesmo que não tenha conhecido ninguém novo, pois mesmo se você não viu absolutamente ninguém, teve uma ótima oportunidade de se conhecer melhor.
Agradeça por todas as coisas boas que viu. Se viu algumas ruins agradeça também, agradeça por ter a visão. Agradeça por todas as coisas boas que comeu e se comeu alguma ruim agradeça pelo seu paladar. Agradeça por ouvir uma boa musica ou o canto dos pássaros, mas se você só ouviu buzinas no transito, agradeça por ter audição. Agradeça pelo seu olfato, mesmo que não tenha tido oportunidade de cheirar um bom perfume. Não se esqueça de agradecer pelo tato, mesmo que não tenha tido oportunidade de sentir um abraço amigo ou um beijo apaixonado.
Só então abra os olhos, vá até o espelho mais próximo e se olhe bem. Agradeça por sua beleza, por mais que só sua mãe fale dela. Agradeça pela sua juventude, mesmo que já esteja beirando os 100 anos. E, por fim, prometa que amanhã agradecerá tudo de novo. Olhe nos seus olhos para certificar de que cumprirá essa promessa.
Então você está pronto. Saia para seu novo dia e viva cada segundo que ele lhe proporcionar como se eles fossem únicos. Afinal de contas, eles são.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Equinócio

O verão vem chegando por esses dias. Com ele a promessa de um constante sol brilhando nos céus. As nuvens nublam os corações começam a se dissipar.

Olho o céu limpo, sinto o coração abrir e me pergunto como farei para meu coração chover por esses dias. Se o céu não chorar, terei eu mesmo que chorar? O que impedirá minhas lagrimas de rolarem? Sem ombros ou dedos que as amparem.

A promessa de bom tempo lá fora me traz a angustia de não ter mais os céus chorando as minhas tempestades. As chuvas de verão não se mostram dispostas a aliviar meu coração encharcado.

Olho para céus e peço para que ele faça descer suas águas para purificar minhas magoas. Olho para o céu e peço que o sol brilhe em outra direção, que deixe escorrer minhas lagrimas para me trazer o brilho de um sorriso.

sábado, 25 de setembro de 2010

A Criação

No princípio, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio a tarde e depois a manhã.

No princípio, tudo era de tristeza estática. Deus disse: "Faça-se a alegria!" E a alegria foi feita. Deus viu que a alegria era boa, e separou a alegria da tristeza. Deus chamou à alegria SORRISO, e à tristeza CHORO. Sobreveio a lagrima e depois o riso.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De como se vêem os Satiros e Ninfas

Era um dia normal. Ele sempre acreditava que todos os dias eram normais, independente do que acontecesse ou de como amanhecesse. Não faria a mínima diferença se o sol raiasse vermelho e o céu verde, para ele seria mais um dia, mais um dia normal.

E aquele era. Ou pareceu ser quando amanheceu, no trajeto ao trabalho, no cafezinho, no almoço. Tudo estava estaticamente no seu lugar fazendo assim, que aquele dia deixasse de ser mais um dia para ser menos um dia, conforme o girar dos ponteiros.

Até que por fim venho a noite e no seu movimento inerte de voltar ao lar ele a viu. Então tudo ficou diferente. Tudo tinha mais cor, mais brilho e um movimento quase sinfônico. Ele olhou para os olhos dela e gritou com o brilho dos seus:

- Hoje é um dia especial!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre geléia, sonhos e felicidade

Alice estava dormindo. Sabia que estava. Bom não me pergunte como caso nunca teve a certeza de estar dormindo, não é algo tão fora do comum quanto se possa pensar. E naquele estante, durante uma breve pausa no chá por necessidade de se buscar mais geléia para o pão, Alice adormeceu. Adormeceu e sonhou, mas sabia que estava dormindo e tudo não passava de um sonho.
No sonho, Dinah, sua gata, a acordava usando a cabeça contra os joelhos de Alice. Após o bocejo de acordar, Dinah olhou fundo nos seus olhos e deu-se a falar. Alice sabia que Dinah não falava, bem por isso teve certeza de que tudo se tratava de um sonho e que para sonhar, deveria estar dormindo.
De qualquer modo, Dinah lhe falou e disse:
- Você não ira voltar Alice?
Alice, educadamente, respondeu como responderia a qualquer um que falasse com ela, mesmo que esse alguém fosse um gato:
- Não sei Dinah, a cada o momento a vida aqui fica mais interessante. Não sei se, caso eu volte, seria mais feliz do que posso ser aqui.
Dinah entristeceu. Via-se em seus olhos. Você sabe como são olhos de gato triste. Após permitir que duas lagrimas escorressem pelo focinho, disse:
- E como ficaram seus pais? Sua irmã? – Deu uma longa pausa, fez uns sons que Alice definiu como algo entre o soluço e o ronronar e continuou: - Quem encherá meu pires com leite?
Alice, que até então estava comovida, se enfureceu:
- Então se trata disso não é Dinah? Do seu conforto pessoal!
A menina iria começar uns dos seus discursos de moral e bons costumes, mas foi subitamente acordada pelos gritos da Lebre de Março que comemorava a chegada da geléia. Como qualquer um que acorda no susto, Alice deu salto de sua poltrona. O Chapeleiro se impressionou e achou que tal ação se se deve a preferência da menina por geléia, o que o fez não compreender seu olhar distante ao passar a guloseima em uma fatia de pão.
Alice pensava sobre a pergunta de Dinah em seu sonho. Não mais na parte sobre o pires e o leite, mas nos seus pais e sua irmã. Sua felicidade no País das Maravilhas pode trazer a infelicidade das pessoas que ama. Por outro lado, ao voltar Alice perderia toda a felicidade que aquele lugar maluco a proporcionava.
Resolveu que sofreria mais se pensasse mais no assunto. Mordeu, generosamente, a fatia de pão com geléia, mastigou por quatro vezes e se maravilhou com seu sabor.
- Que geléia deliciosa Chapeleiro! Qual o sabor dela?
- Ora! – Exclamou o Chapeleiro – Minha favorita: geléia de falsa-tartaruga.
Alice fez uma cara de espanto e tudo voltou ao normal no País das Maravilhas.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Desencontros

Ngm sabe o q eh encontrar alguem

ate encontrar alguem q a muito n via.

Ngm sabe o q eh encontrar alguem

ate encontrar alguem com qm vc n marcou.

Ngm sabe o q eh encontrar alguem

ate encontrar alguem com qm vc n marcou,

em varios lugares diferentes.

Ngm sabe o q eh encontrar alguem

ate encontrar alguem com qm vc n marcou,

em varios lugares diferentes,

por diversas vezes e motivos.

Ngm sabe o q eh encontrar alguem

ate encontrar alguem q vc nunca conheceu

(ou viu)

e se apaixonar perdidamente

ate pelos suvacos dela.

Eu sei o q eh encontrar alguem.

EU SEI O Q EH ENCONTRAR ALGUEM!

Fora da Rotina

Hoje, eu acordei com o senso de organização elevado a níveis que nunca senti. Apesar de atrasado, queria tudo em seu lugar.

Devido ao atraso (maldito sono acumulado) não pude impor essa minha nova sensação ao meu quarto. No entanto, ao chegar ao trabalho, parei tudo e organizei minha mesa no escritório. Cada papel foi (finalmente) ao seu devido lugar. Mesmo que esse tenha sido o lixo. Espero não ter sido injusto com nenhum deles.

Ao terminar olhei minha mesa e não a reconheci. Essa é mesmo minha mesa? Interroguei-me de imediato. Nem mais lembrava sua cor.

A mesa por sua vez, numa atitude inesperada por mim, respondeu-me: - Não sei. Estou encoberta de papel a tanto tempo que nem mais lembrava quem trabalhava sobre mim.

Dei-me ao riso (também havia acordado de bom humor) e dei-lhe uma tapinha amistosa.

Meu dia então seguiu na sua normalidade caótica...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Máxima de 32°, mínima de 14°

Então sigo acompanhando o tempo lá fora. O brilho que meu sorriso estampava no meu rosto dá lugar ao nublado úmido que meus olhos revelam.

Quem olha de longe fala da cara de mal. Quem vê de perto fala de stress, decepção. Quem ousa e se aproxima percebe tristeza, insatisfação, carência e solidão.

Lá fora é chuva. Lá dentro também. Mesmo assim ainda me esforço para irradiar calor. E consigo.

Lembro de ser meu sol, mas continuo curtindo a chuva que fiz questão de trazer lá de fora.

Olho para o céu cinza e nublado e vejo no horizonte surgir os raios de um sol brilhante. Breve, eles vão iluminando meu céu. Breve, o azul volta a imperar no firmamento. Mas, sempre, as nuvens rondaram meus dias. Seria interessante conseguir um bom guarda-chuva.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Das distancias entre Sátiros e Ninfas

Ele achava que a ultima vez que a tinha visto seria a ultima vez que eles se veriam. Achava mas não queria acreditar. De qualquer forma passou a viver como isso fosse verdade.
As vezes até sentia a falta dela. Em suas viagens ao ver coisas que ela gostaria de ver ou nos momentos de tristeza quando sentia falta de seu abraço quente que ninguém mais tinha igual.
Mesmo assim, já se encontrava consciente e conformado de que não mais se veriam. Passou até a querer que as coisas realmente fossem dessa forma. Até que o impossível (mas ocorrível) aconteceu. Ali estavam eles frente a frente.
Ele se manteve na sua frieza padrão, ao menos por dentro. Ela permanecia linda, intocada pelo tempo. Demonstrou um certo entusiasmo em vê-lo que era bem comum nela, por isso ele não sentiu nada de especial sobre isso.
Ela se aproximou dele. Na verdade, ele não conseguia se mover, principalmente se fosse na direção dela. Chegou com as perguntas habituais de dois conhecidos que se encontram: "A quanto tempo...", "Como vai?", "... e a família?".
Ele só se deu ao esforço a responder. Nenhuma pergunta. E quando ela se esgotou de perguntar olhou para ele e fez uma cara de: "E ai?". Ele por sua vez a olhou, entendeu que ela estava esperando que ele fizesse alguma pergunta ou falasse algo ou a beijasse apaixonadamente. Sentiu o corpo ficando mais leve aos poucos, se aproximou e apertou sua mão cordialmente:
- Muito bom te ver. Espero te encontra em algum momento onde possamos conversar, mas agora tenho que ir.
Ela deixou todo o corpo se embalar pelo aberto de mão:
- Então... agente marca.
- Isso! Agente marca. Até a próxima então.
Saiu como um raio e sem olhar para trás. Ao chegar ao carro sentou e respirou fundo. Depois de se notar menos tenso, ligou a ignição e partiu. Pouco antes de parar em casa, se viu pensando na situação de que teria essa sido a ultima vez que eles se viram.

Das razões para falar e calar

Alice aguardou impaciente a saída da Lebre. Aquela miserável, que nem mesmo era um coelho nem um gato, estava roubando a atenção do Chapeleiro falando suas asneiras enquanto ela tinha algo importante a dizer.

A menina cruzou os braços e fez cara de birra na esperança que um dos dois se desse conta da situação. Mas foi inútil. A Lebre continuava tagarelando baboseiras sobre desaniversários e mel e pimenta.

Alice comemorou quando ouviu a Lebre dizer ao do tipo: "... então volto amanhã...". Levantou de excitação pela partida do falso coelho e foi lhe desejar boa partida mais no sentido que ela fosse mais breve do que realmente fosse boa.

Ao chegar próximo a Lebre se punha em posição de partida. Voltou para saudá-la apertando sua mão e balançando as orelhas longas e finas. Alice por sua vez disse um "até mais" como quem diz "vai logo". A Lebre virou de volta a sua direção e saiu aos saltos em zig-zag.

Alice olhou para o Chapeleiro e disse meio zangada:

- Que bom que ela foi embora.

O Chapeleiro novamente não entendeu a menina. A Lebre era sua melhor companhia para o chá, principalmente para chás de desaniversários. Por mais que Alice tivesse passado a ser uma companhia mais interessante, ele não gostaria de desperdiçar seus velhos prazeres com quem tanto o divertira no passado.

- Gosto das visitas da Lebre de Março, Alice. Ela sempre traz noticias muito interessantes de todo o País. - Respondeu então.

A menina ficou ainda mais zangada, mas, obvio, não quis se deixar perceber:

- Também gosto dela. Apenas que agora precisava lhe contar algo e apenas a você.

- O que seria então Alice? - Disse o Chapeleiro em tom de duvida.

- Seria que... que... - Alice olhava para todos os lados, como se a sua pergunta estivesse a chegar de algum lugar. - Que a sua amiguinha Lebre demorou tanto a sair que eu esqueci o que ia dizer.

O Chapeleiro, com cara de "eureca", caminhou vagarosamente até seu lugar a mesa de chá. Sentou, se aconchegou, pois mais chá na xícara e tomou um gole longo. Saboreou, olhou para Alice disse:

- Acho que você ia dizer que estava com ciúmes.

Alice se esticou como quem leva um susto e aos gaguejos disse que não era nada daquilo. Também se sentou a mesa, tomou mais do seu chá, olhou para a saída, depois para o Chapeleiro e depois para a xícara de chá que ele segurava. Com os olhos na xícara (para dar impressão que olhava para ele e não olhava) disse:

- Até estava com ciúmes, mas isso não era que eu queria dizer.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dos sabores e dissabores

- Estou cansada disso tudo Chapeleiro. - Disse Alice, após um gole na xícara de chá - Toda essa falta de razão, já esta me deixando desconfortável e chateada.

- Então talvez você devesse parar de tomar o chá. - Respondeu o Chapeleiro de forma automática.

Alice, claro, não entendeu a lógica da resposta, mas antes que pudesse questionar o Chapeleiro percebeu a pergunta que viria através da sua expressão. Ele tirou o chapéu, coçou a cabeça e disse como quem sabe que falou uma besteira:

- Chateada não é alguém que esta se sentindo mal por ter tomado muito chá?

A menina não sabia se sorria ou se dava algum tipo de lição de moral no Chapeleiro. Lembrou-se quão inútil foram as outras lições de moral. Decidiu dar-se as gargalhadas e quando se recuperou tentou explicar seus sentimentos:

- O que eu quis dizer, é que não mais me agrada estar aqui. Não esta me fazendo bem. Não é mais tão divertido.

O Chapeleiro arqueou as sobrancelhas como quem entende tudo que foi falado. Coçou novamente a cabeça, o queixo e por ultimo a ponta do nariz. Levantando e girando o indicador ele disse:

- Então a solução é tão simples quanto a outra. Basta que você vá embora. A porta da saída ainda esta no mesmo lugar e aberta para você passar por ela.

- Esta. - Confirmou Alice em um muxoxo.

O Chapeleiro novamente leu cada expressão no rosto da menina. Identificando, mas não entendendo, seu dilema perguntou:

- Então porque você não vai?

Alice apenas tomou mais gole de seu chá. E ficou maravilhada como ele sempre se mantinha quente e saboroso.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ortografia e Gramatica

Foi olhando para dentro de minha xícara vazia que percebi que desejava mais café. Assim mesmo, desejava. Eu não queria mais café, nem gostaria de mais café. Eu desejava.

Por aqueles dias eu poderia falar muito bem de desejo. Os dias com ela tinham me ensinado bem o que era o que. Com tanta experiência adquirida eu podia ser catedrático: "Isso é desejo".

Naquele momento a vontade de por os lábios nas bordas da xícara e sorver o liquido quente e amargo era a mesma de tocar os lábios dela e sentir sua língua e saliva. Então só poderia ser desejo

A expectativa era sentir o calor provocado pela bebida de gosto e odor forte da mesma forma que sentia seu calor num abraço apertado. Então só poderia ser desejo.

Eu deduzia meu desejo baseado em cada sensação que me provocava seu toque, seu olhar, acertando milimetricamente. Então poderia ser falar com autoridade. Isso que sinto agora é desejo.

Não tive o café. Também não tive como saciar meu desejo de você naquele momento. Eu sabia que aquela falta de você também era desejo. Desejo de ter você olhando com olhos brilhantes. Desejo de sentir seu coração bater num abraço. Desejo de sua mão correndo no meu corpo. Desejo de um beijo que tirasse o compasso das nossas respirações.

Meu desejo ficou pra ser saciado a noite, ou quando os protocolos da vida nos permitisse, ou mais alem. Então surgiu a vontade de ser mais próximo. Quase já. E essa era uma vontade tão forte que de imediato deduzi categórico: "Isso é desejo".

domingo, 27 de junho de 2010

A Hard Day's Night

Acordar, por aqueles dias, passou a ser algo diferente. Ele na verdade nem se lembrava de quando tudo havia mudado. Não sabia o momento exato. Não sabia o dia exato. Mas sabia que um dia deixou de sentir o ardor nos olhos ao receber a luz do sol. Deixou de procurar, automaticamente, o relógio para descobrir que estava atrasado. Deixou de sentir o impulso de se levantar e tomar um banho rápido e gelado.

Por aqueles dias, acordar passou a ser algo mágico. Ele não sabia dizer exatamente quando começou a ser assim. Não o dia exato. Mas sabia que um dia passou a sentir um cheiro doce e um peso gostoso sobre o ombro. Passou a procurar por aqueles olhos que lhe brilhavam. Passou a sentir uma profunda necessidade de passar nem que fosse mais poucos segundos na cama ao lado dela.

Por aqueles dias, acordar era algo especial. Ele não sabia quando começou. Não sabia o dia exato. Mas sabia que queria acordar daquele modo para sempre.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dos fingimentos entre Ninfas e Sátiros

Ele vinha caminhando displicente, apenas queria terminar o seu dia. Acreditava que até o dia queria terminar a tanto. Venho fazendo seu caminho habitual em direção ao seu tão desejado descanso, quando precisou parar para atravessar a rua. Lembrou-se da velha lição de parar e olhar para os dois lados e assim fez. Mesmo se tratando de uma rua de sentido único, olhou para a esquerda (de onde não poderia vir nenhum carro), depois para a direita. Teria que esperar um momento mais seguro para sua travessia.
Nada fez senão aguardar passarem os carros que vinham da direta. Enquanto aguardava ouviu aquela voz que reconheceu de imediato. Quis ignorar. Ela persistiu. Olhou no sentido de confirmar, afinal seus ouvidos poderiam lhe mentir mais seus olhos não.
Com o corpo voltado para a rua e a cabeça para a direção do som procurou de onde a voz vinha. Sim, era ela. Vindo em sua direção. Com uma cara tão cansada quanto ele e o próprio dia, mas nenhum um pouco menos linda do que ele tinha na lembrança.
Cada passo dela parecia durar uma eternidade. Ele aproveitou esse tempo para pensar se queria e se devia falar com ela. Pensou por infinitos três passos.
Por fim, olhou de volta para a rua e viu que os carros tinham parado de passar. Então decidiu deixar de duvidas e foi...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dos motivos de partir ou de ficar

Alice resolveu que deixaria o País das Maravilhas. Olhou ao seu redor e definiu que havia cansado de tudo aquilo. Nada fazia sentido diante de sua razão. Todas aquelas sandices definidas pelo Chapeleiro por uma lógica torta já tinha ultrapassado os limites da sua paciência.

Alice não enxergava aquela felicidade. Toda aquela manifestação de alegria infundada era uma espécie de contraversão do que lhe ensinaram como real fugia do aceito. Esse paradoxo impedia que a menina vivenciasse verdadeiramente os momentos.

O Chapeleiro olhou Alice partindo de forma mais incompreensiva do que tristonha. Ele não entendia como Alice podia abrir mão daquilo tudo em função da razão de sua terra.

Para o Chapeleiro aquilo que Alice chamava de razão eram, na verdade, grilhões que a impediam de ser feliz, de sorrir e de tomar chá por dias e dias.

Devido a confusão causada pela situação repentina, o Chapeleiro não via meios, nem porquês para impedir a partida de Alice. Preferiu não se manifestar e deixá-la agir conforme sua vontade.

Por outro lado a menina, também deveras confusa, procura um apoio sobre o que fazer. Enrolar mechas de seu cabelo loiro entre os dedos e olhar para os dois lados de seu caminho não estava ajudando.

Alice olhou a sua esquerda e viu a enorme mesa de chá e na sua cabeceira o Chapeleiro com um olhar de peixe morto nada convencional na sua face. A sua direita a escada que a levava a portinha que tanto ela batalhou para passar. Alice percebeu que tinha que fazer uma escolha. Olhou para cima e viu o céu quase sem nuvens. Para baixo e viu os pés na distancia exata que lembrava que eles estavam. Sentou no segundo degrau da escada de acesso a porta de saída do País das Maravilhas, pois as duas mãos no rosto e deu-se as lagrimas...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Falta

Estou precisando de você.

Só de te ter ao meu lado.

Ouvir uma historia, uma piada ou poesia.

Beber uma cerveja num bar bem vagabundo.

Comer uma comida nada saudável,

mas que você vai louvar por ser uma comida forte.

Queria me olhar mais alto que você

e me ver tão menor,

Escutar que sou seu ídolo enquanto eu te idolatro.

Queria novamente, olhar para o lado

e ter o carinho do avô,

a segurança do pai

e o apoio do amigo.

Estou com saudades.

Estou precisando de você.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Agora falando sério
Eu queria não cantar
A cantiga bonita
Que se acredita
Que o mal espanta

Dou um chute no lirismo
Um pega no cachorro
E um tiro no sabiá
Dou um fora no violino
Faço a mala e corro
Pra não ver a banda passar

Agora falando sério
Eu queria não mentir
Não queria enganar
Driblar, iludir
Tanto desencanto

E você que está me ouvindo
Quer saber o que está havendo
Com as flores do meu quintal?
O amor-perfeito, traindo
A sempre-viva, morrendo
E a rosa, cheirando mal

Agora falando sério
Preferia não falar
Nada que distraísse
O sono difícil
Como acalanto
Eu quero fazer silêncio
Um silêncio tão doente
Do vizinho reclamar
E chamar polícia e médico

E o síndico do meu tédio
Pedindo pra eu cantar

Agora falando sério
Eu queria não cantar
Falando sério

Agora falando sério
Eu queria não falar
Falando sério


Falando sério - Chico Buarque

sábado, 3 de abril de 2010

Pessach

Fazia um tempo, eu não bebia como fiz ontem. Acordei, no entanto, com uma ressaca moral bem maior que a alcoólica.
De orgulho ferido, abri os olhos e nada ao me redor me agradava. Meu quarto, meu “ninho” não me agradava. A comida que me deram não me agradava.
Não houve nem a tentativa de se desfazer isso tudo. Na tela do meu telefone, meu bom dia era: “Vem...” e eu li: “Como um cão, põe o rabo entre as pernas e vem”.
Respondi que não. Com um sarcasmo depreciativo a mim mesmo. “Não vou. Sou um cãozinho desobediente por vezes”.
Mergulho mais ainda na merda em saber que minha real vontade é ir correndo. Chegar balançando o rabo e sofrer tudo que disse que aconteceria. Vem a o fato que ao menos sofreria ao seu lado.
Um copo de coca e algo doce e minha ressaca vai embora. Duas ou três palavras suas, talvez apenas um sorriso, faça a outra ressaca passar.
Por mais vontade que tenha e mesmo que esteja procurando os meios e horários de ir até você, eu não vou!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Das razões da Felicidade

Alice estava muito bem acomodada na casa da Rainha Branca. Aproveitou que a mesma não estava e aproveitou para apreciar a vista do que ela considerava o melhor ponto para se olhar todo o tabuleiro. O Chapeleiro aproximou-se e a deixou numa posição que, se ele fosse um cavalo, teria a deixado em cheque. Não se sabe ao certo qual a intenção do Chapeleiro com aquele movimento, visto que, seus movimentos são mais parecidos com os do peão do bispo.

A curiosidade de Alice, que não precisava de algo estranho para se aguçar, a despertou para o fato e para a presença do Chapeleiro. Ela tirou a atenção de sua paisagem e olhou o Chapeleiro pelo canto do olho.

Ele estava com aquele olhar que sempre desconcertava Alice. Com o rosto meio de lado e uma das sobrancelhas erguidas, o chapéu ficava inclinado para frente e sua aba cobria boa parte do olho que ele não erguia.

Alice não suportava muito daquele olhar. Ficava se sentindo estranha, errada, diferente, quando na verdade, ela é que era o normal, o certo. Soltou de imediato as palavras que o faria instantaneamente sair daquela posição: “Pergunte logo o que quer saber.” Alice tentava fazer com que não parecesse uma ordem, mas nunca conseguia. Sempre se irritava demais com aquela situação para manter algum tipo de equilíbrio.

O Chapeleiro mudou de posição no tabuleiro, de modo que agora poderia sim dar um cheque em Alice segundo seu próprio movimento. Olhou-a de frente e cuspiu um pouco, como se tivesse preparando a língua para falar bastante e soltou:

- Me diz Alice, por que para o povo do seu país que se dizem tão “racionais e certos” é tão difícil estar feliz e bem com outra pessoa?

- Como assim bem? Estou bem e do seu lado agora.

- Não Alice, não assim. Se duas pessoas se gostam, sentem vontade de estar juntas porque simplesmente não ficam juntas? Porque ficam criando dificuldades por motivos que nem mesmo estão próximos a eles?

- Porque isso não é tão simples Chapeleiro. Você não pode abdicar de tudo por outra pessoa, alem de haver outras pessoas com o qual você é importante e precisa estar bem com elas também.

O Chapeleiro fez ar de quem pensava no assunto, olhando para cima e com o dedo indicador em riste:

- Quer dizer que você não pode ser feliz porque é importante para outras pessoas que sua felicidade seja do jeito que elas queiram?

- Sim... Quer dizer não!

Alice percebeu que se meteu em uma grande confusão com seus pensamentos e começou ela a discutir consigo mesmo o fato das pessoas não conseguirem serem feliz e pronto. Realmente havia uma necessidade de ser encaixar na vida de outras que, muitas vezes, nem estavam feliz e de outros que por certo nem participariam daquilo tudo. Havia uma necessidade de se ter uma felicidade igual a de outros e até mesmo o Chapeleiro havia percebido que isso se estendia a outras situações.

- Alice, tenho plena certeza de ser feliz com meus chapéus e meu chá. Já a Lebre é feliz com o chá, mas detesta chapéus, o que não impede que sejamos felizes juntos e cientes que nossas felicidades são bem diferentes.

Alice não teve escolha, senão a de se reder novamente ao Chapeleiro. Seu país racional passava a cada dia ser bem mais louco do que o país das Maravilhas e Alice não compreendia como isso era possível.

O Chapeleiro percebeu o desconforto de Alice e tentou remediar. Pegou na bolsa um pouco de pão fresco e um frasco de geléia que guardava para momentos especiais e a ofereceu:

- Deixe isso pra lá Alice, as confusões do seu país devem ficar por lá mesmo. Acredito que já temos varias outras por aqui. Pegue um pedaço de pão e experimente essa geléia. É ótima, brotam das arvores de geléia do jardim da Rainha uma vez a cada 5 anos...

- Ei espera! – Alice o interrompeu – As geléias não brotam em arvores!

O Chapeleiro a olhou como se ela houvesse falado a maior das insanidades e chão aos seus pés se desfez...



Prefiro pensar que estou no mundo louco do Chapeleiro!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sentimento sem calendário

A cada dia suas duvidas passam a ser também minhas. Cada vez mais presentes, mais constantes. Tenho minhas plenas certezas em todas elas, mas são meras certezas minhas. Não vão modificar o mundo ao nosso redor, modificam apenas o meu.
Olho para os lados e tudo que fica contra mim, contra nos, passa para o exílio, se torna contravenção. Já aos seus olhos nos comentemos o crime de ser invejado pelos outros. Quantos dos que nos apontam não estão, na verdade, desejando o que temos?
Toda via, não se vence uma guerra sozinho e assim vou absorvendo todas as suas duvidas. Eu, senhor de minhas certezas, me afogo num mar de duvidas sobre aquilo que tenho certeza de querer.
Assim, suas duvidas do “se” passam a ser as minhas do “porque”. Não me dou ao luxo de duvidar dos meus desejos. Ninguém melhor do que eu para defini-los, viabiliza-los e acreditar em seus avanços. Nisso suas duvidas, passam a querer ser novas certezas minhas. “Não te satisfaço”, “Não te mereço”, “Não sou suficiente”, “Não posso te ter”...
Olho o caminho a nossa frente e me sinto forte e capaz de superar os obstáculos. Acredito ter força até para te impulsionar contra alguns. Mas não posso te levar por todo caminho...
Olho para você e só consigo enxergar o que quero. Olho nos seus olhos e só vejo o que eu não sou, o que não posso ser. Sinto-me incapaz. Por não poder alterar o tempo, inverter datas, trocar os anos...
Sei que quero você comigo, mas você eu já não sei o que quer.