sábado, 28 de fevereiro de 2009

Raiar do dia

Abri meus olhos na preguiça da manha e vi um dia cinza. O ceu chorava. Chorava forte. Vi que dessa vez ele nao chorava por mim, nem para mim. Tambem nao quis chorar com ele. Traindo todas as vezes que o ceu verteu lagrimas no meu lugar, quando ele chorou forte hoje eu sorri. Um sorriso de canto de boca. Eu estava com preguiça mas estava sorrindo. No animo de alguem que acorda cedo em pleno sabado para ir trabalhar. Mesmo assim era um sorriso.
Enquanto o ceu chorava eu sorri. Quero continuar sorrindo.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Diana Prince

Dia a dia eu me surpreendo mais com esse ser mulher. Mesmo tendo em casa um exemplo magnifico de como pode uma mulher ser feroz-guerreira, doce-meiga, muralha-forte, brisa-leve, estupida-grossa, infinita-sabia... tudo ao mesmo tempo. Mesmo vendo isso no meu cotidiano ainda consigo me ver boquiaberto com o potencial das mulheres.
A intensidade com que amam. A cerca que criam para se proteger. Seu humor. Sua candura. Seus cheiros. Seu apego aos detalhes e ao simples.
Me surpreendo como coisas tao masculas podem se tornar tao doces quando realizadas por uma mulher. Vi o peso de um maracatu se tornar sereno e charmoso. Rosas perfumaram as ladeiras de Olinda mostrando que musica é feminino nao so na palavra. Onde quer que se va sempre sera a musica.
Vi uma pequena mulher guardar um amor tao grande que libertava e prendia ao mesmo tempo.
Vi uma mulher magrinha e doce mostrar os musculos do seu ego. E como eles eram grandes.
Vi uma linda mulher, se tornar uma menina querendo ser. Depois virando uma mulher que era, depois mudou para uma menina que queria. Depois uma mulher que crescia. Isso em tao poucos dias que estou com um medo ansioso de ver no que ela vai se tornar na proxima vez que a vir.
Desisti de compreender as mulheres e resolvi admira-las. Penso que agora sigo um caminho melhor.

Noticias antigas...

Hoje ao ouvir uma musica especial (qual delas não é?) tentei chorar um amor passado. Nao consegui. Nao pela fato da minha incapacidade de verter lagrimas, mas pela certeza de sentimentos. Hoje tenho a certeza de que tive um amor bom que terminou de forma estranha como a maioria, mas foi um amor bom. Passou. Virou lembrança. (Isso tambem é bom). E tudo que ele é hoje é um amor bom do passado, que merece os risos e dancinhas estranhas que fiz (depois que percebi que nao ia chorar). Passei desse momento com um gostinho de quero mais. Nao desse amor, mas do Amor. Que o proximo seja um amor bom. Ate melhor que o bom do outro. Eu amo o Amor.

Novidades

Toquei meu pescoço e me senti quente. (Não era febre). Pus a mão no peito e senti meu coração novamente. Isso é bom. É renovação. Cai na besteira de ler meus textos e vi que não escrevo mais de triste. Escrevo de vivo. De contente. De revoltado. De desejoso. De surpreso. De feliz. Escrevo para extravasar, por para fora. Escrevo para dividir com todos e não mais porque não quero aquilo dentro de mim. Escrevo por que gosto do que sinto agora. Quando me vir por ai me pare e converse comigo. Também estou escrevendo tudo isso no olhar.
Ganhei ao menos um sentimento mais forte que a quarta de cinzas. Esse é o que eu sei ate agora. Ou melhor, acabo de descobrir outro: Esperança. Uma esperança novinha só para mim. Que venham mais...
Eu quero tudo. O que mais poderia querer?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

+ 1

Devido as festividades do carnaval, só hoje sai para comemorar meu aniversario de mais de uma semana atrás. Eu e eu mesmo por lugares que me trazem boas lembranças e me fazem relaxar. Depois um bom café. Depois o Recife Antigo com sua descarnavalização. Depois a livraria, onde aproveitei e me comprei um livro de presente. Adoro livros de presente. Depois um lanche. Depois o cinema. De forma sagrada. Eu, o ingresso e um ovo-maltine. Assisti o novo filme do Sexta Feira 13, relembrando as madrugadas de sexta que passava acordado só para assistir esses filmes de terror. Na volta li quase metade do livro que comprei e estou adorando. Parei e pensei sobre muita coisa. Descobri que estou num momento feliz, ou alegre não sei. Sei que estou bem comigo mesmo e pela primeira vez após algum tempo me senti não com vontade de dividir essa felicidade-alegria, mas preparado para fazer isso. Sem fantasmas do passado e cheio de esperança. Como eu disse a uma amiga a pouco; virou uma questão de tempo eu encontrar alguém ou talvez já tenha encontrado e não saiba. Vou é dar as mãos a minhas novas lições de vida e meter a cara no futuro. Ao infinito e alem...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009



Ah! O Carnaval de Recife! Conhecido por sua irreverência, criatividade e ar tão popular. É o próprio povo que faz o Carnaval. Nada de abadas que unificam uma multidão. Quase nada de violência. Miscigenador das classes recifenses igualando pobres e ricos no festejo. Nada de cordão de isolamento... Opa mas espera um instante. Se aquela “Área VIP” separando dez metros da frente do palco principal da festa, para um grupinho acima da massa, não é um cordão de isolamento o que é então? Um grupo de sobrinhos de alguém que se envolveu na feitura de “nossa festa” não poderia se misturar ao povão num é verdade. Já imaginou subir o elevador de vinte e tantos andares com o fedor da lama do Capibaribe entranhado no corpo? Deve ser uma péssima sensação para eles. Mas eles não tiveram que passar por esse sofrimento esse ano. Uma visão privilegiada da festa foi reservando a esses coitadinhos. Um local onde se podia deitar no chão para ficar só curtindo o show, com toda segurança. Toda mesmo. Alem de uma cerca fechando a área, uma barrica de seguranças terceirizados que deixariam qualquer guarda Britânico com inveja da sua capacidade de manter uma cara poste. Quanta eficiência! Quebrada apenas quando se havia necessidade de dar um apoio para a grade não ser empurrada pela mundiça do outro lado (eu tava no meio dessa mundiça). Podia-se contar ainda com todo um pelotão da guarda municipal do Recife, munidos de seus cacetes e braços cruzados. Cientes de que o show de verdade viria da plebe, quase não olharam para o palco. É tenho certeza que os indefesos do Recife estavam bem protegidos puderam brincar o carnaval como sempre queriam, perto dos artistas e sem empurrões, mas a ralé não permitia antes.

Já do outro lado do arco-íris. Onde o antigo carnaval do Recife tentava continuar existindo, quem fez a festa foi a policia. O exemplo típico foi o do Soldado Welligton e seus sete amigos. O soldado Welligton, talvez por ser o único identificado na trupe, era o mais calmo sempre conversando no seu celular mesmo com todo o barulho. Ao seu, redor os outros sete exponham a alegria de terem passado num concurso publico e se juntado a magnífica PM do Recife. Os mais alegres eram um cidadão com mais cara de alemão neonazista do que de recifenses. Exalando todo seu instinto Sado-masoquista. Ate o ato de pular era merecedor de um bom cassetete nas costas, perguntar por que estava apanhado merecia dois, afinal de contas você tem que saber porque apanha. Pensei em fazer um Heil Hitler para ele, mas achei que identificar sua natureza merecesse três decidas do cassetete, acabei por apenas olhar. A única mulher da gang... digo, do pelotão descontava as surras que levou do pai (na infância) e do marido (um pouco mais recente) nas meninas que ainda não tinham sofrido nenhuma das duas. Dançar coco era motivos de empurrões, não sei se era porque ela não podia ou não sabia dançar.

Curiosidades a parte, o carnaval do Recife consegue provocar muita coisa boa na maioria das pessoas, eu mesmo não o troca por nada nesse mundo. Para mim não há nada melhor e mesmo se tivesse distante, rico ou apenas metido a besta, fariam questão de batalhar por meu espaço no lado “pobre” da grande de isolamento do carnaval no Marco Zero.

Carnaval Multicultural do Recife, a cultura pobre de um lado e a rica na área VIP.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Acrósticos

Inesgotavel fonte de beleza
Noite de luar brilhante
Grande poço de leveza
Rainha mestra de meu instante
Inspiraçao dos meus momentos
Dona dos meus pensamentos


A Ingrid que de amiga de meu irmão se tornou minha amiga...



Mas como poderia eu, mero mortal,

Ao olhar tal deusa em todo seu brilho,

Resistir me perder no vendaval

Inebriante que te segue aos estribilhos

Alinhando meus olhos com teus passos?


Como a distancia separa os eternos dos findos,

Lamentar o desejo maior se tornou minha sina.

A vontade de num abraço alcançar-lhe os ouvidos,
R
ezando a eles versos e canções feitos sob a lima,
A
dorando-a como um astro iluminado no espaço.


A Clara para cumprir com minhas palavras, mesmo quando as dou depois de embriagado.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Duvidas de uma sonata

Algum poeta. Em algum lugar. Em algum momento. Falou de como o raiar do sol lhe trazia alegria ao coração. Dizia como aquela bola de fogo espantava seus fantasmas, suas tristezas, seus medos, sua escuridão... Mas não é assim. Cada vez que abro os olhos aquela luz dourada queima minhas retinas, me enche das tristezas de um novo dia e renova os meus medos.

Algum poeta. Em algum lugar. Em algum momento. Falou de como à noite, sob as cobertas, bem acomodado em seu leito, ele se sentia seguro. Dizia como aqueles lençóis cheirosos e aquela cama macia, apoiados pela penumbra o faziam se sentir num aconchegante fim de inverno. Onde pensar em como se venceu os obstáculos e sonhar como seria boa a nova primavera o faziam dormir com um sorriso nos lábios... Mas não é assim. A noite, em meu quarto apertado, lembro de rodos os meus erros, as quedas, as pedras em meu cainho que eu deveria ter quebrado, porem toda me inutilidade me fez apenas dar a volta. Tudo isso me faz demorar horas para dormir, sempre com uma lagrima nos olhos e a odeia de que o inverno não mais terá fim.

Não sei se eu ou os poetas mente. Não sei se Sancho, em sua verdade, ou se Dom Quixote, em sua utopia vive melhor. Também não sei se o calor animador, ou se frio acolhedor é melhor para mim.

Quando triste, me apoio no colo do meu travesseiro, me acalanto e uma lagrima me faz companhia.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Um conto de dois eus e nenhum conto

O relógio marcava uma da madrugada, passava já alguns minutos disso. Na verdade era quase duas, mas foi só nesta hora que me veio a inspiração e a vontade de escrever. Ao menos comigo, é muito difícil que as duas andem juntas. Então achei que deveria aproveitar e me incentivei a fazer um conto.

- Um conto... – Pensei. – Fazer um conto...

Passado algum tempo preso a esse medíocre pensamento o mudei para:

- É, um conto. Pode ser, porque não? Mas... um conto sobre o que?

Essa minha nova indagação me roubou mais alguns minutos, o que me deu tempo de ir atender um breve chamado da natureza. Ao voltar, um pouco mais aliviado, olhei para mim mesmo sem precisar do espelho e me sugeri:

- Escreve um conto sobre a morte.

O meu eu que recebeu a sugestão, em resposta ao que sugeriu, abriu-se em pensamentos:

- Mas... sobre a morte? É certo que eu e você (nesta ocasião eu e eu, já que você também sou eu) apreciamos e já escrevemos um tanto sobre a morte e visto que é um assunto tão vasto quanto o amor. Porem, é mesmo necessário um conto e mais um texto meu, digo, nosso a respeito da morte?

Meu eu sugestor, impaciente tão quanto qualquer eu seria, se colocou a contra-responder em meio a palavras de baixo nível:

- Se não queres minha opinião não precisa a menosprezar. Apenas não a tome para si! Hora essa! Agora tenho que escutar criticas de mim mesmo sobre o que escrevo... Eu gosto de falar da morte, e daí?!

Meu eu que tentava escrever, menos funesto e mais paciente que o outro (ao menos no momento), replicou com certo tom de voz que eu não reconhecia em mim. Algo sereno-intelectual.

- Calma. Não é bem assim. Não estou a menosprezar sua idéia, a acho ótima. Como disse antes, já fiz algumas coisas com você sobre isso. Só não acho propicio o fazer agora.

A serenidade da minha fala me acalmou de um modo que meu eu bravio voltou a um estado próximo do equilíbrio. Todavia, não querendo admitir estar errado, falou com desdém:

- Faça como quiser. Não me intrometo mais. Não quero mais fazer contos.

Como uma peste altamente contagiosa, a desvontade minha contagiou meu outro eu. Esse também desistiu de produzir seu conto.

Quando dei por mim vi que mesmo que ainda tivesse vontade a inspiração havia evanescido a muito. Veio apenas a mente:

- Nada mais de conto. Por fim, acabo escrevendo sobre a morte.

Meu conto morreu!