quinta-feira, 28 de maio de 2009

A infelicidade de ser D'us

Eu queria o dom dos poetas e afogar minhas magoas nas palavras ou morrer afogado nas letras que elas produzirem. Escutar de alguem que leu todo meu desespero um sutil: "que lindo". Não deixar o meu olhar fosco de tristeza e dividir seu brilho com a tinta que levara para a eternidade a descriçao lirica de meu sofrimento. Fazer reverencias (baixando a cabeça) a aplausos destinados a leitura pomposa de minhas desçraças.
Ah meu D... É isso!
Talvez seja de uma fé num d'us que eu precise. Um d'us exigente e caprichoso que me faça seguir pelo caminho de suas maravilhas frivolas, por entre as pontes do arco-iris ate um pote de conformismo. Um ser que me presentei com bitolas douradas, corte-me as asas, ate minhas maos e pes e me proiba de pensar e criar.
O sofrimento veio a Adão e Eva quando eles quiseram produzir e serem criativos. A magica da vida é acompanhada com todo tipo de paradoxo torturante. Ser um d'us não é assistir a desenvoltura de uma fazenda de formigas, e sim, sentir toda a dor necessaria para se criar algo mais e ouvir alguem comentar do outro lado do vidro:
- Não é lindo?
- É a cara do pai!

"Entrego-vos meu novo mandamento:
- Eu sou meu D'us, não amarei outro se não a mim."

Olhares

É tdo um jogo...
Depende somente do angulo da luz, do angulo de qm olha...
É mais geometria do que vida...
A vida poderia ser mais matematica do que é normalmente...
Mas ai não seria vida... Seria uma tabela de cossenos...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cretinice

Acordou com o toque do despertador. De bruços assim como tinha ido dormir. Estava apenas de cueca e coberto pelo lençol.
Virou-se e o resto do corpo foi acordando. De baixo para cima. Começou sentindo os pés, grandes demais para o resto do corpo. As pernas finas e peludas deram sinal de vida. O joelho, ainda machucado pela queda no fim de semana, se mostrou presente. Depois foi a vez das coxas flácidas e magras, seguidas pelo pênis rígido pelo amanhecer. A barriga seca acordou junto com o peito formado quase pelas costelas apenas. Dando continuidade o pescoço despertou para que todo corpo se unisse a cabeça grande e oval.
Completamente acordado (ao menos no que se refere ao físico) ele levantou e foi ao banheiro. Urinou por mais tempo do que fazia no resto do dia, seu pênis finalmente ficou flácido. Ficou próximo ao chuveiro e mesmo com ele aberto pensou algumas vezes antes de ficar sobre a água fria. Tomou coragem e o fez. Tomou um banho rápido, se enrolou na toalha sem se enxugar como devia e foi para frente da pia. Escovou os dentes até as gengivas sangrarem. Depois escovou os cabelos com menos empenho.
Saindo do banheiro ainda pingando a água do banho, pegou a primeira cueca limpa que estava na gaveta entreaberta. Vestiu. Depois vestiu uma caça de jeans azul escuro. Atou o cinto. Passou desodorante nas axilas, daqueles com uma bolinha na ponta. Abriu outra gaveta e demorou um pouco escolhendo uma camisa. Acabou por vestir uma camisa preta com detalhes azuis. Velha, mas não aparentava tanto. O tênis completou o vestuário do dia. Pos perfume, pegou a bolsa e saiu.
Foi andando até o ponto do ônibus, passou pela vizinha fofoqueira e deu seu bom dia falso, recebeu um quase tão falso. Acenou para o jornaleiro. Atravessou a avenida e finalmente chegou ao ponto. Após cinco minutos de espera achou estranho que tão poucas pessoas estavam esperando a condução. Mais doze minutos e ele resolveu olhar o relógio. Só então percebeu que era domingo e não teria expediente no trabalho.
Voltou pelo mesmo caminho. Acenou novamente para o jornaleiro, a vizinha não estava mais na rua. Entrou em casa, voltou para quarto, tirou toda a roupa. Toda mesmo, ficou completamente nu. Deitou na cama ainda quentinha, se cobriu com o lençol que ainda guardava seu cheiro e se entregou aos braços de Morpheu para o sono dos justos. Afinal de contas era domingo e não teria expediente no trabalho.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Uma Rosa entre as Margaridas

Por que não posso eu querer a Rosa por assim ser

Escolho a Rosa que não é rosa só se faz parecer

Sendo mesmo uma Dália, uma Orquídea ou qualquer outra flor

Escolho o cheiro não pelo perfume e as pétalas não pela cor

Escolhi aquela que não se mostra e sim, capta a pose

Escolhi para minha flor não a Rosa rosa, mas a rosa Rose

Perdi-me a enganar-me no seu nome como todo mundo se engana

E quando meu peito bate não sei se bate Rose ou se bate Rosana

terça-feira, 5 de maio de 2009

Para um beija-flor de Venus...

Lembra a cor das minhas pétalas Beija-flor, antes do teu beijo?

Lembra do cheiro antes de sentir teu cheiro?

O rubor brilhante da minha fronte Beija-flor é fruto do teu beijo.

E o cheiro doce que espalho não é o meu, mas o teu cheiro.

Desejo Beija-flor o toque aligeiro dos teus lábios com o fascínio do brilho das tuas asas.

Desejo Beija-flor o toque do teu beijo para sobrepor minha cor por entre as dálias.

Nada sou Beija-flor sem teu mágico toque de beleza.

Nada sou Beija-flor se distante você esteja.

Eu só quero Beija-flor ser a flor do beijo.



domingo, 3 de maio de 2009

Sobre o tempo

Não quero alguém para gastar meu tempo, quero alguém para dividir minhas horas.

Alguém para quem eu não seja um peso quando estiver no seu colo, que eu não seja um chato quando precisar falar minhas besteiras.

Alguém que me diga não as vezes e que me diga sim as vezes.

Alguém que me acompanhe nas loucuras.

Quero alguém que após me presentear com uma linda gaiola vá ate a porta dela abra e jogue a chave fora.

Quero alguém com quem fazer amor com todo carinho e depois fazer sexo como animais.

Eu quero o que Adão queria quando recebeu Eva e perdeu a costela.

Quero ter passos ao meu lado quando resolver andar sozinho.

Quero companhia para uma farra na sexta a noite e para uma tarde preguiçosa de domingo.

Não quero alguém para gastar meu tempo, quero alguém que fala valer os movimentos dos ponteiros do relógio, ou que os faça parar com um abraço.

sábado, 2 de maio de 2009

Já que distante

Porque a distancia afeta tanto o físico se o pensamento voa tão longe, tão rápido. Quanta saudade, quanta vontade de ter ela entre meus braços. Sentir sua pele, sentir seu cheiro, ouvir sua voz. Apenas ter a certeza de estar próximo.
O que posso falar de certeza quando falo dela? Nada! Não sei do que ela sente não sei suas vontades, seus sentimentos. Quando se fala dela surgem inúmeras duvidas. Será gosta? Será que quer? Tem saudades? Só uma certeza há quando se refere a ela: eu me sinto distante fisicamente.
Tudo que se refere dela a mim tem o formato de uma grande interrogação, como um coração divido ao meio. No entanto se tudo fosse uma exclamação gritante com certeza minhas certezas seriam um tanto diferentes.
No momento fica a falta, a necessidade, ligo mais tarde e ouço sua voz. Vai ser um tanto aliviador a ouvir falar qualquer coisa daquela forma como se nada tivesse a divida importância. Como será bom...