segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009



Ah! O Carnaval de Recife! Conhecido por sua irreverência, criatividade e ar tão popular. É o próprio povo que faz o Carnaval. Nada de abadas que unificam uma multidão. Quase nada de violência. Miscigenador das classes recifenses igualando pobres e ricos no festejo. Nada de cordão de isolamento... Opa mas espera um instante. Se aquela “Área VIP” separando dez metros da frente do palco principal da festa, para um grupinho acima da massa, não é um cordão de isolamento o que é então? Um grupo de sobrinhos de alguém que se envolveu na feitura de “nossa festa” não poderia se misturar ao povão num é verdade. Já imaginou subir o elevador de vinte e tantos andares com o fedor da lama do Capibaribe entranhado no corpo? Deve ser uma péssima sensação para eles. Mas eles não tiveram que passar por esse sofrimento esse ano. Uma visão privilegiada da festa foi reservando a esses coitadinhos. Um local onde se podia deitar no chão para ficar só curtindo o show, com toda segurança. Toda mesmo. Alem de uma cerca fechando a área, uma barrica de seguranças terceirizados que deixariam qualquer guarda Britânico com inveja da sua capacidade de manter uma cara poste. Quanta eficiência! Quebrada apenas quando se havia necessidade de dar um apoio para a grade não ser empurrada pela mundiça do outro lado (eu tava no meio dessa mundiça). Podia-se contar ainda com todo um pelotão da guarda municipal do Recife, munidos de seus cacetes e braços cruzados. Cientes de que o show de verdade viria da plebe, quase não olharam para o palco. É tenho certeza que os indefesos do Recife estavam bem protegidos puderam brincar o carnaval como sempre queriam, perto dos artistas e sem empurrões, mas a ralé não permitia antes.

Já do outro lado do arco-íris. Onde o antigo carnaval do Recife tentava continuar existindo, quem fez a festa foi a policia. O exemplo típico foi o do Soldado Welligton e seus sete amigos. O soldado Welligton, talvez por ser o único identificado na trupe, era o mais calmo sempre conversando no seu celular mesmo com todo o barulho. Ao seu, redor os outros sete exponham a alegria de terem passado num concurso publico e se juntado a magnífica PM do Recife. Os mais alegres eram um cidadão com mais cara de alemão neonazista do que de recifenses. Exalando todo seu instinto Sado-masoquista. Ate o ato de pular era merecedor de um bom cassetete nas costas, perguntar por que estava apanhado merecia dois, afinal de contas você tem que saber porque apanha. Pensei em fazer um Heil Hitler para ele, mas achei que identificar sua natureza merecesse três decidas do cassetete, acabei por apenas olhar. A única mulher da gang... digo, do pelotão descontava as surras que levou do pai (na infância) e do marido (um pouco mais recente) nas meninas que ainda não tinham sofrido nenhuma das duas. Dançar coco era motivos de empurrões, não sei se era porque ela não podia ou não sabia dançar.

Curiosidades a parte, o carnaval do Recife consegue provocar muita coisa boa na maioria das pessoas, eu mesmo não o troca por nada nesse mundo. Para mim não há nada melhor e mesmo se tivesse distante, rico ou apenas metido a besta, fariam questão de batalhar por meu espaço no lado “pobre” da grande de isolamento do carnaval no Marco Zero.

Carnaval Multicultural do Recife, a cultura pobre de um lado e a rica na área VIP.

Um comentário:

Tobias Farias disse...

No Show da Mundo Livre S/A quando Eugene ( da Gogol Bordello ) desceu para o segundo palco e aquele povo da 'área nobre da coisa' subiu eu fiquei sem entender patativas,
vim entender agora!

No RecBeat eu pisei numa parte de ferro da grade que fica antes do palco e o idiota lá me deu um empurrão sem noção,
e essa área de ferro ficava a mais ou menos 80cm da grade.
Fico imaginando se eu passasse da mundiça para o palco lá no Marco.

É melhor nem imaginar.....

Mas é isso aí,
Sou mameluco,
mas não sou de Casa Forte,
sou de Pernambuco,
eu Sou Leão do Norte.

\o\