sábado, 28 de março de 2009

Maquiavelismo

Me vi no passado e fiquei a me fintar. Vi que percebi esta sendo observado, mas fingi não notar. Fiquei meio de lado, depois dei as costas. Olhei mais fundo e falei sem esperança de ser respondido:
- Às vezes sinto saudade de você.
Como resposta me perguntei assim “entre os dentes”:
- E o que você faz nesses momentos?
Respondi com uma sinceridade quase divina:
- Antes eu ficava triste, ate chorava, mas hoje... eu sento e espero tudo passar.
Novamente me questionei:
- E quando passa o que você faz?
Respondi:
- Eu sigo em frente.
Não houve mais questionamentos e eu voltei a ser ignorado. Minha vida era bem mais colorida do lado de lá do que do de cá, por isso não achei errado o que ele fez. Observando melhor a situação, cheguei ate a pensar que tinha imaginado ter ouvido aquelas perguntas. Acho que não perderia meu tempo com esse tipo de conversa. Não no passado. Com certeza devo ter imaginado.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Visoes

Adoro janelas. Sao verdadeiros seres magicos que nos mostram coisas ainda mais magicas. Sempre que volto do trabalho passo todo o tempo olhando o mundo passar pela janela do onibus. Alguma coisa com certeza vai me chamar atençao durante a viagem. Uma placa, uma pessoa, um grupo de pessoas... qualquer coisa vai acontecer, eu sei. Nem que seja a expectativa do final. Quanda a estaçao apontar na minha janela eu vou esticar o pescoço para ver se ela esta la. Vou olhar os locais mais provaveis, pedido as D'uses que ela esteja. Vou pensar com meus botoes: se ela estiver eu passo por outro lado e não falo. Eu me obrigo a pensar que vou fazer assim, mesmo tendo certeza de que se ela estiver, eu vou me aproximar com o sorriso mais largo do mundo. Vou receber aquela massagem de estar ao lado dela. Aquele descompaço no coraçao. Ate que venha mais um onibus para levar um de nos e novamente uma janela me de uma visao magica. Magica e triste na verdade. Magica, porem triste de ver ela ir ou ficar.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Charneca do talvez

Vivo mais uma parodia do meu conto de fatos. Adoro dizer que vivo. Não vegeto, não sobrevivo, eu vivo. Vivo, com todos os ypisilônes que viver pode conter. Quando me descrevo falo do sim e do não. Falo da duvida e da certeza. O que não tem dois lados, tem três, ou mil, ou milhões.
É tudo tão imenso que certo vira errado, e o errado perfeiçao. Muitas vezes é tão grande que passa dispercebido, ou incomoda como flerpa na unha.
E me prendendo mais agora que ou todo. Me vejo com a sorte de quem aposta num dado viciado. Tendo sempre seis chances, sabendo vai dar uma (sempre essa uma) teimo a apostar nas outras cinco. É preciso muita coragem para sim. É preciso muita coragem para burro, agir como burro e pensar como burro de proposito e repetidas vezes.
Fico na expectativa sutil de trocar para meu dado, aquele caotico. De seis lados e infinitas possibilidades. Quero todos os talvez, depois quero todos os sins. So assim entao chegar e olhar naqueles olhos de acaso, olhos de momento, de desespero e porens e dizer não a ela. Dizer não a ela no lugar de dizer ela ao não.

terça-feira, 24 de março de 2009

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

Obrigado por me enviar isso Luciana, concordo em grau, numero e genero!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Paradoxo

Estou no dilema da zebra. "Não sei se sou branco de listras pretas ou preto de listras brancos?"
Sei é que me Sancho Pança olha para mim e diz: "Faz tanto tempo que tu não vê sol que estais é amarelo!"

sexta-feira, 20 de março de 2009

Reencontro

Cheguei ontem em casa era quase meia noite... Triste, cansado, chateado. Nem falava.
Fui direto para a cama, li um pouco e durmi. Então ele veio, converçou comigo. Nos saimos,
fizemos coisas juntos. Coisas que faziamos em tempos menos cinzas. Coisas de pai e filho. Passamos todo um dia juntos. E as 5:12 da manhã ele foi embora. Acordo aos prantos por sua mais recente ida e por toda a sua falta.
Quanta saudade! Um dia só não mata tanta saudade.
"Voce sabe que voce é meu idolo!"

quinta-feira, 19 de março de 2009

Percebições

MESMO COM TODO ESSE CALOR
ME BATE FRIO NO CANTO DOS OLHOS
MEU SORRISO É BANHADO POR LAGRIMAS
AINDA ESTOU SOZINHO
MESMO COM TANTOS E TAO BONS AMIGOS

A Dama de 1000 nomes

ALGUEM DO PASSADO ME VIU CONTENTE
E PERGUNTOU O NOME DELA
ELA AINDA NÃO TEM NOME
NÃO TEM ROSTO
NEM CARNE
NEM OSSOS
ELA NÃO QUER SER ELA
ELA ESTA LONGE DELA
ELA TEM MEDO DE SER ELA
ELA NÃO SABE QUE É ELA
O NOME DELA É DUVIDA
ELA TEM TANTAS CURVAS QUANTO UMA INTERROGAÇAO
OS OLHOS DO MISTERIO
COM COR DA IMPRECISAO
E COBERTO POR TINTAS DE ILUSAO
TEM A BOCA MASCARADA POR OUTRAS CORES
LABIOS DE DESEJO E PERJURIA
O SEU COLO TEM VARIOS PERFUMES
MAS NENHUM É DELA
SEUS DIAS SAO DE UM CANSAÇO OCIOSO
DIAS DE VENCER BATALHAS JA PEDIDAS
EU RESPONDI QUE ELA NÃO EXISTIA
NÃO EXISTIA AINDA
MAS SEI QUE ELA EXISTE
E SE FAZ PRESENTE NOS MEUS DIAS
EU APENAS NÃO SEI NADA DELA

segunda-feira, 16 de março de 2009

Reflexo

Olho no espelho e não vejo quem eu via no ano passado.
O mesmo brilho dos olhos são outros.
A mesma expressão das sobrancelhas é outra.
O ritmo da voz. O senso de justiça tão caótico.
O certo. O errado. Os meios termos.
“A verdade” agora são “as verdades”.
O “para sempre” dura segundos. O “eterno”, piscar de olhos.
O caminho não deixa rastros. Tudo que é bom segue com quem o acompanha. Tudo que é ruim vira uma lição.
Liberdade é lei. A lei é a felicidade. A meta é o sorriso. O desejo é mais um passo.
O paraíso esta em cada abraço.
Em cada esquina um amigo. Inimigos, quem são?
O mal é o equilíbrio do bem.
O que quebrou foi remendado. O que foi destruído, reconstruído esta.
As flores que morreram, hoje são adubo para o jardim que cresce cada vez mais colorido.
Tudo é tão grande que o infinito cabe numa caixinha de fósforo.
Olho no espelho e não vejo quem eu via no ano passado.

domingo, 15 de março de 2009

Precioso

Ontem foi mais um dia da minha vida com voce, ou menos um sem voce. Qual dos dois não sei. Parece que voce tambem não sabe. Ontem foi mais um dia nosso. Não sei se juntos ou proximos. Mas tive certeza que estivemos lado a lado quando no fim do dia uma parte da minha camisa cheirava a voce. Não o cheiro das frutas, mas o seu cheiro. Aquele que voce nasceu e vai morrer com ele. Foi mais um dia onde rimos da mesma graça, bebemos do mesmo copo e misturamos nossas salivas.
Que hajam mais dias juntos ou proximos.
Que o futuro seja manso.
Que os relogios nos satisfaçao.
Que o presente faça jus ao proprio nome.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Labirinto

Hoje acordei descobridor. Descobridor e comparativo. Descobrir na maioria das coisas o obvio, o que nao deixava de ser descobertas. Numa delas, decobri que realmente tenho mais dos meus pais do que pensava. Assim como meu avô (representando a figura de pai), sou um viciado em rotinas. Eu que me considerava tao louco, tao moderno, tao energetico, adoro uma rotina. Percebi isso quando mais uma vez o atendente da lanchonete onde faço abtualmente meu cafe da manha, falou meu pedido antes de mim. Era a primeira vez que esse atendente fazia isso nessa lanchonete. No entanto, em outras oportunidades, em outros estabelicimentos outros atendentes ja havia feito o mesmo.
Descubri que sou nostagico. Um fissurado no passado. Vivo a certeza maquiavelica de o passado foi melhor que o presente. Toda via, invisto minhas esperanças no fato que o futuro sera melhor. Nisso eu invisto pesado e sem pena. Abandono meu lado economista e assumo um ar de jogador. "Tudo no vermelho 27!"
O dia segue na base das descobertas. Espero novas. Adoro novidades e descobertas sao novidades. Quem passem as horas e venham boas e mas novas. Se a vida nao é clara vou tatear no escuro ate descubrir o que tudo... tudo mesmo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sede

Ontem a noite vi tuas palavras jogadas no espaço. Ouvi e pensei cada uma. Dormi. Acordei desejoso que eles fossem pra mim.
Mesmo sendo palavras jogadas.
Mesmo estando soltas no espaço.
Mesmo que elas fossem suas e só suas. Eu as queria para mim.
Tirei-as do espaço e pus no papel. Ainda que fisicamente eles tivessem comigo ainda não eram minhas. Eu apenas as encarcerei num paraíso branco.
Eu não queria as palavras, mas sim, as palavras. Toda sensação de breve que elas falavam. Todo o não saber. Todo o saber. Todo o querer.
Estou pensando tuas palavras e por pouco não as escrevo.
Eu quero você e suas palavras.

terça-feira, 10 de março de 2009

Conta corrente

Dez... Faltam vinte e um...
Vinte e um para um velho ciclo se fechar.
Novos já se abriram. Alguns já fecharam. Outros permaneceram.
Esse se fecha. Fecha porque esta completo.
Não respiro mais seu ar. Não vejo mais com seus olhos e não sinto com sua pele.
Sou novo e serei ainda mais novo. Faltam apenas vinte e um. Pois hoje são dez.
Meus novos olhos brilham, minha nova pele é macia. Respiro um ar mais puro.
O ciclo esta completo e se fecha. Só faltam vinte e um.
Adeus mundo que não vive. Beijos que não beijei. Lugares que não conheci.
Sou novo, num novo mundo. Onde tudo tem um cheiro de intensidade. Onde se vive algumas vidas ao mesmo tempo. Cada dia me traz lições que me fazem crescer. Cada dia traz um sol mais dourado e cada noite uma lua mais prateada. Quanto tempo que eu não via a lua. Quanto tempo não beijava com paixão. Quanto tempo não agia por impulso, por vontade, por tesão. Agora faço, caminhado a passos de formiga eu vou crescendo e passo a fazer. Dia a dia. Faltam vinte e um. Só faltam vinte e um.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Ribalta e a Cortina.

Atualmente começamos relacionamentos fadados ao fracasso. Esperamos o grande amor de nossas vidas que nunca vem. Idealizamos pessoas perfeitas que não existem e nunca existimos como as pessoas perfeitas que os outros esperam de nos. Somos traídos a cada minuto, não importa se próximos ou distantes. Traídos no pensamento, na ação e no sentimento. Somos traídos e traidores da fidelidade. Matamos o amor e a fidelidade (não necessariamente na mesma ordem). Continuamos dia após dia a matá-los com requintes de crueldade. Verdadeiras chacinas. Massacres e holocaustos dignos de nazistas. Estou meio cansado de participar dessas seções passivas de tortura. Não estou mais disposto a ser nem carrasco nem vitimas desses suplícios. Visando um ritual de ressurreição para amor, decidi abdicar da fidelidade em seu termo básico. Ate quero, mas não faço mais questão de alguém fiel a mim. Fidelidade vira, a partir de agora, jargão arcaico. Daqui pra frente, de mãos postas com amor, solicito lealdade. Quero alguém que seja leal ao que me prometa, mas que não me prometa nada. Que seja leal ao me pedir somente aquilo que poder dar. Que me cuspa na cara verdades doidas e recém nascidas. Que me beije somente quando queira. Que façamos sexo quando precisarmos de sexo e amor quando precisarmos de amor. Que seja dito a verdade quando as lagrimas rolarem, não importando se isso vai fazer elas pararem ou correrem mais rápido. Não quero ser ninguém, exceto eu. Não quero ser de ninguém, exceto meu. Também não quero que ninguém queira ser eu ou ser meu. Quero alguém que ande num caminho o mais paralelo possível ao meu. Não quero o caminho de ninguém e não divido o meu.
Eu quero amor, mas não quero amor lírico.
Nem violento, nem doce.
Nem certo, nem errado.
Nem sujo, nem puro.
Nem santo, nem pecaminoso.
Quero o sorriso dos clowns e as lagrima das fontes.
Os abraços dos amigos e as tapas dos inimigos.
Quero motivo e amparo para as lagrimas.
Quero dar e receber razões para sorrisos.
Quero a meretriz e a virgem na minha cama.
Eu quero amor e lealdade na eternidade breve que me forem concedidos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ja dizia Socrates...

Certas feridas não se curam, apenas viram marcas. Estao sempre la. São acomodadas. Acabamos por esquecer delas. Alguns poucos amigos sabem que guardo na perna direita uma cicatriz de um pessimo momento do passado. Entao posso afirmar com um certo ar de entendimento sobre isso.
Outros pouquissimos amigos sabem de outras marcas que guardo. Geralmente muito bem guardado. Bem guardado até demais as vezes.
O pior dessas marcas é quando vez ou outra elas fazem questao de ser lembradas. Elas aparecem nas esquinas, nos fiteiros, nas vias ou quando algum filho da puta faz questao de meter o dedo. As vezes sem querer, outras so para te ver se contorcer com a dor. Existem masoquistas.
Apos serem remechidas, elas se abrem novamente. Novamente é preciso se esforçar para que elas fechem. Cada vez o esforço é menor, mas ainda existe. Ainda continua sendo esforço.
As minhas feridas se fecham cada vez mais rapido. Algumas eu nem senti mais. Quando reabertas, causam umas dores forçadas, doídas, cansadas que nem doem mais. Toda via, mesmo não havendo dor, as marcas continuam vivas. Estao sempre la. Muitas delas me fazem o que sou hoje. Talvez eu nao fizesse questao de ter algumas, mas cada uma delas é importante para me definir. Elas juntas sao boa parte do que eu sou, do que eu vivi. E todos os meus amigos sabem que de viver eu não me arrependo.

terça-feira, 3 de março de 2009

Natureza

Fato 1: Passo a semana levando chuva para ir e voltar do trabalho
Fato 2: Minha mãe me mandar comprar um guarda-chuva
Fato 3: Passo o maior toró no mesmo dia
Fato 4: Compro o guarda-chuva
Fato 5: PARA DE CHUVER!

Eu quero inaugurar meu guarda-chuva!
Se não chuver amanha eu inauguro ele no chuveiro!