terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dos reencontros das Ninfas e Sátiras

Ambos tiveram a mesma idéia. Talvez por isso tenha dado tão errado, ou tão certo (depende do ponto de vista de ler). Marcaram de ir com seus novos companheiros a um lugar que nunca haviam indo quando juntos. Um restaurante que ele e ela juntos nunca tinham ido. Ambos tinham a certeza que o outro não se agradava do tipo de local que escolheram para ir.

Quão foi a surpresa quando ela, ao olhar o salão procurando uma boa mesa, o viu muito bem sentado num canto. Tentou de imediato encontrar uma mesa onde ele não pudesse vê-la, mas que ela pudesse vê-lo. Não encontrou. Pior ainda, ele estava num lugar estratégico demais e qualquer lugar em que ela sentasse seria vista. Escolheu um lugar um tanto distante então.

Somente quando bem sentada e mais calma com a situação foi que ela percebeu que não era a única acompanhada naquela noite.

Já ele, percebeu a presença dela no momento em que ela sentava. Notou, antes de qualquer coisa, que seu acompanhante sentou antes dela e já o conceituou como deselegante. Sé então observou ela, notou um certo ar de desconcerto, o que a deixou ainda mais bonita. Procurou ignorar esse fato se dizendo estar acompanhado de uma mulher linda (o que não era mentira). Sempre tivera bom gosto e sorte com as mulheres, o que possibilitava mulheres com beleza acima da media em sua companhia.

Com esse pensamento, lembrou que perdera a atenção a sua companhia que logo fez questão de mostrar que estava ali e percebendo quase tudo.

- Desculpe. Viajei um pouco nos meus pensamentos.

- Na verdade você viajou naquela mulher que acabou de chegar. Alguma conhecida?

- Sim. Uma amiga.

- Amiga ou namorada?

- Namorada no passado. Hoje mal podemos dizer que somos amigos.

- Espero que esse passado esta bem distante agora.

- Esta! – Disse isso olhando pegando em sua mal, olhar fixo nos olhos e terminou com um beijo nos lábios. Sabia que isso iria reforçar a certeza do que disse.

Do outro lado do salão, ela o via beijar os lábios de outra. Aquilo lhe pesou o peito bem mais do que ela esperava. Começou a reparar neles. Viu como ele parecia bem. Corado, sorridente, alem de não ter perdido o ar altivo que sempre carregou. Acompanhado de uma loira de rosto bem afilado, corpo escultural e muito bem vestida. Seu acompanhante notou sua mudança de estado de espírito e seus olhares a outra direção. Olhou para o mesmo lado e reconheceu ele.

- Seu ex-namorado?

- Acho que é. Não to reconhecendo bem. – Mentiu.

- Acho que é ele sim. Bem parecido. Esta de namorada nova?

- Aparentemente.

- Bem bonita ela...

- Aquela tinta no cabelo deve ter corroído tudo seu cérebro já

- Ciúmes?

- Claro que não. Viemos aqui para outra coisa não?

- Também acho. Viemos fazer o que eles estão terminando.

O garçom aproximou-se com o envelope de couro contendo o ticket com a despesa do jantar e troco do pagamento. Ele deixou uma das notas no envelope como gorjeta pelo bom serviço do garçom, levantou e ajudou sua companhia a sair da mesa. Deu-lhe o braço e a guiou para saída pelo caminho mais distante dela.

- Porque vamos por aqui?

- Esse é o caminho da saída.

- Você não vai falar com sua “amiga”?

Nessa hora ele teve certeza da relação que fazem das mulheres e do demônio.

- Não queria atrapalhá-la, mas já que você não se incomoda.

- Até insisto.

Foram os dois na direção da mesa em que ela estava sentada. O coração dele prestes a sair pela boca. Quando ela notou ele vindo em sua direção sentou que o peito iria estourar naquele mesmo instante.

Chegou manso, com um sorriso – falso – e muitos bons modos.

- Boa noite. – Ela se levantou, seu acompanhante permaneceu sentado. Ele olhou como desaprovação. Ela percebeu e fez sinal para o acompanhante se levantar. O que ele fez, demonstrando má vontade. Estendeu a mal e lhe devolve a saudação.

- Boa Noite. Você é XXXXX, certo?

- Exato, mas eu não te conheço.

- Desculpa XXXXX, esse é XXXXXX meu noivo. – Ela não percebeu que havia apresentado o noivo pelo apelido.

- XXXXXX? Com um nome desses, você foi uma gravidez desejada? – Todos riram para que aquilo realmente perecesse uma piada.

- Na verdade fui, esse é apenas um apelido meu nome é...

- Esqueça o nome o apelido nos torna ainda mais íntimos. Essa é XXXXXXX minha namorada.

Ela se apresentou a namorada dele ambas se saudaram falsamente e trocaram elogios sobre cabelos, roupas e sapatos. Ele perguntou sobre o bem estar dela, deu um pouco noticias de sua vida e despediu-se. Foi embora sem olhar para trás. Ela demorou um pouco para sentar, acompanhando sua saída de braços dados com outra, ao retornar a realidade de sua mesa seu noivo já estava sentado mesmo com ela de pé.

A noite transcorreu para os dois. Ele escutou alguns gracejos de ciúmes de sua namorada. Ela escutou criticas do seu noivo. Nada insuportável ou novo para qualquer um dos dois.

Durante a madrugada ele sonhou se desculpando com ela por estar com outra. Acordou nervoso, olhou para o lado da cama e não viu a namorada. Sentou-se na cama e a viu no banheiro. Esperou que ela viesse para cama, lhe pediu um abraço, fez algumas juras e a convidou para comprar alianças com ela no outro dia após o trabalho.

Por sua vez ela também despertou na madrugada com um sonho onde ele e seu noivo duelavam. Ele bem produzido em sua armadura e brilhante de cavaleiro e o noivo com os trajes grosseiros de bárbaro. Amanheceu no outro dia e foi direto a uma livraria. Durante a noite o noivo foi presenteado com um livro de boas maneiras.

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