sábado, 6 de fevereiro de 2010

Das pessoas, fabricas e geléias

- Ora Alice, como pode você pensar assim? - Beirou o ceticismo, o modo como o Chapeleiro recebeu aquele pensamento. Ainda mais vindo de Alice. Como poderia ela, que se gabava tanto de sua razão, se desprover e distanciar tanto dela em uma única frase?

Alice era um ser longe de tudo que o Chapeleiro conhecia por normal. Falava como se sua língua nunca cansasse, era contra tudo que ele falava dizendo não fazer sentido de onde ela vinha. Lembrava que certa vez Alice disse a ele que “Estava muito contente de ter os pés no chão”. Claro que o Chapeleiro não entendeu, pois por mais que seus pés teimassem em sempre estar no chão, ele adorava os ter para o ar.

Agora, Alice o surpreendera mais do que jamais havia feito. Com uma certeza quase mística ela definiu toda aquela situação que se mostrava absurdo até mesmo para o absurdo. Não havia desculpa para tanto, nenhum fumo de lagarta ou passagem para outros lados de espelho poderia dar sentido a toda aquela falação. Por mais que tentasse o Chapeleiro não compreendia.

- Por que assim é de onde eu venho Chapeleiro. Não existem arvores que brotam geléia para o pão do chá. Assim como não existe arvores que brotam qualquer tipo de geléia. As geléias não vêm de outro lugar se não das fabricas. – O Chapeleiro estava estarrecido e pensava será então que de onde ela vem as pessoas também vêm de fabricas? Ele pensou revirando os olhos e preferiu não perguntar. Ficou com medo de que Alice, sua grande amiga, não fosse uma pessoa de verdade e sim algum tipo de enlatado que saiu de uma fabrica cuspidora de fumaça e caminhões.

Preferiu então que as coisas voltassem a ser como eram antes desta conversa. Então fechou os olhos e a esqueceu. Quando os abriu viu Alice de pé na sua posição de birra que ele já havia se acostumado a ver. Ele foi a até a mesa serviu um pouco de chá para e si e para ela. A entregou o chá oferecendo também fatias de pão com uma ótima geléia que brotavam nas arvores de geléia do jardim da Rainha. Alice preferiu aceitar a geléia a criar uma nova confusão. Realmente ela tinha um gosto todo especial.

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