quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Caixa de Pandora

Não sei se tirei ou se pus mais uma mascara no meu rosto.
Tento encontrar as palavras do meu momento e acabo por me achar vago ou cheio demais para fazer essa definição. Releio minhas lembranças e elas me dizem pouca coisa, me olho no espelho e só vejo os mesmos olhos tristes e apagados de sempre. Olho para a tela do meu computador e ele me diz: "Para obter ajuda, pressione F1". Será que meus paradoxos podem ser resolvidos no pressionar de uma tecla? Eu aperto F1 e minha solidão evanesce, mais uma tecla e minha carência se esvai, acho que antes do F10 já teria um sorriso no rosto.
Apesar de ser bem pratico para muitas coisas, nunca fui muito objetivo em relações aos meus sentimentos. Toda vez que teimo em abrir o baú do meu coração, cedo ou tarde sai mais um monstro de dentro dele. No entanto, minha curiosidade, no seu modo Pandora de ser, teima a abri-lo novamente. Espero sentando o momento que não haja nenhuma mazela a ser expelida de lá e que quando aquela maldita caixinha se abrir de novo, tenha no seu fundo apenas a fadinha verde da esperança a me observar com seus olhos de quem fez uma arte. Que ela me diga com sua voz melosa: "Sempre virá algo bom! Sempre!".
Esperança não machuca...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Como é não sentir culpa?


Somos assombrados a tdo momento pelo resultado de nossas escolhas. Por mais que seja doloroso encarar tda a merda q vem junto como resultado das escolhas erradas, pior seria ser continuamente omisso e viver curtindo as dadivas e merdas das escolhas alheias.
Como eu me puniaria por ter no meu caminho uma opçao de qm qr q seja exceto a minha. Parece ser tao facil se livrar da culpa em gracejos suspirantes q dizem: "Fui forçado por minha mãe, a culpa é dela...", "foi ele que quis assim, n pude fazer nada...". Ql fraco seria meus alicerces se fossem tdos sentados sobre o julgamento alheio, n conseguiria viver assim. Minha alma de porra-louca por mais q escolha o errado mais vzs do q eu gostaria, me dar força pa ser alguem q vai mais alem...

Sempre teremos tempo...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Caminho para o por do sol


Por um bom tempo o por do sol me trazia uma tristeza tao grande, parecia que o sol tava indo para nao mais voltar, enquanto a seu nascer me dava a alegria da chegada de alguem querido. O tempo foi passado e por do sol passou a ser para mim o anuncio da noite, o que me deixava feliz enqanto a aurora me dizia que mais um dia entediante estava para chegar. Acho bom ter tido essas ideias um dias e fico bem mais feliz em saber que elas mudaram... Hoje olho o por do sol, o nascer do sol, a lua, nuvens e o que vejo beleza... Uma cena, um enquadramento para um fotografia que vai me deixar euforico quando for revelada... Ou somente a leve lembrança de pessoas queridas a quem eu gostaria de dividir as belezas da vida.
Nossos olhos os veem o que queremos e a muito nao me esforçava para ver o melhor, o belo e a sensaçao de o fazer é otima...
A luz e as trevas sao necessarias uma a outra, se completam e ambas nos trazem experiencias, sentimentos e sensaçao incriveis...

sábado, 4 de outubro de 2008

À Priscilla

Mtas vzs passamos a vida procurando de qm gostar da maneira certa, tentando evitar sofrimento e angustia. Porem, descobrimos decepçoes e desilusoes nas pessoas q se aproximam de nos que dificultam essa busca. O ser vivente descobre das piores maneiras q a felidade n se faz na solidao, um outro se faz necessario. Precisamos nos completar, somos imperfeitos e buscamos nos outros reflexos distorcidos do q achamos ser perfeiçao.
Mas como se encontra algum q n sabemos a forma, nem o nome? Apenas libertando o espirito desbravador q tdo ser humano tem. Buscando caminhos, paridades, sensaçoes, gostos e cheiros. Sua metade n vai bater sua porta e dzr: "Cheguei, estou aqi!", mas pode te olhar na multidao, se perder do proprio caminho, vencer seus paradigmas e so dzr: "Oi, tdo bom?". Somente c o tempo e o contato é q se pode saber p onde e qdo ir.
Desperdiçar esses momentos pode nos trazer indagaçoes e duvidas eternas, vive-los pode nos trazer peqenas duvidas e dores, mas traz tbm momentos de eternos de felicidade.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Uns olhos...

“O amor sempre vem”
Eu achava o maximo as pessoas que acreditavam nisso, no entanto nunca tinha me acontecido. Havia me relacionado com varias pessoas que me causaram bons sentimentos e sensações, porem nunca tinha sentido os fervores e loucuras descritas por quem ama. Não tinha sentido nada até aquele dia.
Ao acordar parecia um dia normal, porque era um dia normal. Os deuses não fazem mais bonito o dia que você vai se apaixonar, não mesmo. Tudo estava no seu devido lugar. A continua rotina teve sua continuidade inalterada. O toque do despertador, o banho, o escovar dos dentes, o ônibus lotado, o café da manha na estação, o metrô lotado... Foi ai que as coisas começaram a mudar.
Eu ouvia musica durante a viagem ao trabalho, era mais de uma hora perdida da minha vida. A musica me distraia e fazia o tempo passar rápido. Ah! Como eu queria que ele tivesse sido bem lento naquele dia. No meio da minha distração, tentando acompanhar uma musica numa língua que eu nem conhecia, eu levanto a cabeça e no outro extremo do vagão vejo o par de olhos mais lindos que já vira. Devido a distancia e a multidão só via os olhos, a testa e um pouco dos cabelos. Belíssimos! Completamente harmônicos entre si!
Os olhos eram de um azul brilhante, intenso, pareciam pedras preciosas ou estrelas. O cabelo de um loiro artificial que só fazia deixar mais brilhante os olhos (as tinturas eram bons investimentos). Eu não conseguia parar de olhar, meu coração doía quando o trem parava nas estações e a entrada e saída das pessoas atrapalhava minha visão. Foram oito estações de só eu olhar, porem, antes de chegar a nona ela também me viu e aqueles olhos me sorriram, brilhando ainda mais. Foi ai que senti o fervor, a adrenalina, a vontade de não sair mais dali.
O trem chegou a nona estação, meu coração parou enquanto as pessoas entravam e saiam. As portas se fecharam, procurei os olhos novamente e eles não estavam mais la. Procurei pela janela do trem, mas nenhum dos transeuntes parecia ser dono daqueles olhos. Tentei pegar o metrô no mesmo horário inúmeras vezes, mas acabei por me conformar que havia perdido aqueles olhos para sempre.
A lembrança me trouxe bons e maus momentos por toda a vida. Aquela sensação não se repetiu mais. Conheci outras pessoas, outros olhos, casei poucos anos depois com alguém de olhos castanhos (um pouco brilhosos). Tivemos bons filhos de olhos também castanhos, o mais novo tinha-os quase pretos. Tive uma boa vida, tão boa que não queria deixá-la. Lutei contra as doenças da velhice com um empenho impar. Até a enésima vez que fui ao hospital.
Depois de ter passado o risco maior a enfermeira entrou no meu quarto. Usava uma mascara cobrindo a boca e o nariz, mas os olhos... Eu tinha certeza que não eram os mesmos. Ela era muito nova para ser a mesma pessoa, devia ter a idade de um dos meus netos, mas eram idênticos aqueles do metrô de tantos anos atrás.
Tentei falar a ela algumas coisas que queria ter dito naquele dia, saiu algo tímido:
- Seus olhos são lindos.
Ela reagiu com naturalidade, como se tivesse acostumada a receber inúmeros elogios desses (devia recebê-los mesmo). Tirando a mascara, para mostrar que não só os olhos eram lindos, mas todo o rosto, ela falou com serenidade:
- São “herança” da minha avó...
A resposta deu uma nova vida ao meu coração cansado.
- ... e o interessante é que ela era da mesma cidade que o senhor. – completou.
- Era? – indaguei como se a nona estação tivesse chegado novamente.
- Sim Senhor, era. Ela faleceu a dois meses.
Neste momento larguei as armas da batalha pela minha vida. A dona Severina foi traiçoeira e usou uma arma que eu não podia me contrapor. Morri menos de uma semana depois, durante o sono com um sorriso no rosto. Não levei como uma derrota, não era. Seria uma nova busca. Havia a esperança de reencontro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pula!!!

O menino não tinha o que fazer, nem o que desejar. As condições de sua existência o propiciava um enorme ócio motor e aspirativo. Ir a escola parecia inútil (e era), exceto pela possibilidade de ter uma refeição “regular”. Diversão era andar nas ruas do centro com os amigos. Sujos e mal vestidos tinham como pináculo de suas aventuras diárias, pular no rio, da beira do cais, na principal praça da cidade.
Como era bom!
A emoção do salto, o ressurgir na superfície da água, a platéia de turistas que se formava, as fotos...
Eles geralmente chegavam as 3 da tarde, não que marcassem, mas o horário era quase sempre o mesmo. Saltavam até o por do sol, ou até os meninos mais velhos resolverem ir para casa. A lei era do mais velho e mais forte.
Ele sempre sentia medo nos primeiros pulos do dia. Sabia que não morreria afogado, pois nasceu com o umbigo enlaçado em volta do pescoço e fora adicionado o nome José ao seu nome de chamar. Isso o salvaria com certeza, mesmo assim sentia medo, mesmo com a experiência de vários outros saltos. Era sempre o ultimo a se jogar na água, daquela vez não seria diferente.
Todos já estavam na água, houve um show de flecheiros e saltos-mortais, mas faltava o dele. Enquanto tomava coragem para se jogar na água, ele achara um coco, que já devia estar no lixo. Seu olhar foi do coco a água e da água ao coco uma centena de vezes, até ele ouvir ser chamado pelos outros, de uma forma mais humilhante que inspiradora.
- Pula mulherzinha! – Ele apenas chutou o coco para um lado.
- Pula medroso! – Chutou o coco para o outro lado, como um jogador de futebol a driblar.
Fora sete chutes ao todo, sete chutes no coco para lhe trazer o animo para saltar. Então ele o fez, um salto acanhado, sem nenhuma acrobacia, mas saltou. Naquela tarde, seus pés perfuraram a água muitas outras vezes, até que o céu começou a mudar de azul para o laranja e todos entraram no consenso de voltar para casa.
Já na rua de sua casa, no seio da favela, seu amigo mais próximo perguntou:
- Vai amanha?
- Não, amanha é quinta. – Respondeu aos suspiros de satisfação.
Quinta-feira distribuíam cachorro-quente na merenda da escola, ele lembrara, e sempre o deixavam comer mais de um.
Como era bom!