quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fiado só amanhã

Acordo com os olhos marejados, baixos. Penso ainda estar sonhando, pois vejo tudo numa escala de cinza, sem branco nem preto. Nada tem movimento, nem as folhas balançam ao vento. As pessoas, os carros, os pássaros se movem parados, como o passar de fotos num álbum. Olho minhas mãos e vejo sua cor amarelada. Fecho e abro os dedos e vejo o movimento. Sou eu, ou mundo que está estranho?
Lembro das cores dela. Olhos, cabelos, os sinais da pele, os lábios. Na minha cabeça faz tanto tempo que nos vimos, parecem meses, anos. Talvez seja. Mesmo assim lembro das cores e de cada lugar que as cores estavam.
Fecho os olhos e as lembranças ficam mais fortes. Uma musica significativa passa a tocar no meu ouvido. Não foi magia, mas sim o radia no meu bolso. Lembro de não me incomodar de ser menino e querer ser um homem, às vezes ate conseguir. Lembro de olhares que falaram mais que quaisquer palavras. Risos. Sorrisos. Abraços. Passos.
Abro os olhos na esperança da cor da lembrança ter infectado o resto do mundo, mas tudo continua cinza. Atravesso a rua vendo os carros mudando de posição sem os pneus rodarem. Fica o desejo de um novo dia talvez o sonho traga as cores que desejo e amanha os pássaros batam as asas para voar...

Um comentário:

PR disse...

lindo. perfeito.
ps.: o detalhe das mãos me chamou muito a atenção.
abraço