quarta-feira, 23 de março de 2011

Suburbio

Imagino que em mil novecentos bolinha, morar por ali fosse bem mais difícil. Beeeem mais difícil mesmo com todos os "e's" que a intonação precisa a sua ênfase. Não digo nem pela distancia ou acessibilidade, mas pelo visual mesmo. Uma dezena de quarteirões todos formados por duas fileiras de casas iguais, só variando a cor que se repetiam a cada três casas. Isso devia ser horrível. O pesadelo de todo arquiteto, design, ou quem intender disso a ponto de ser um pesadelo.

Com um tempo as coisas foram mudando. Mudavam os portões, os muros (cada vez mais para cima), as fachadas, os janelões. Com tempo veio a moda de se matar um dos corredores para se aumentar a cozinha e o terraço ou a sala e os quartos. Depois tirar as entradas nos quartos que só serviam para se fazer guarda-roupa embutido.

Minha família optou por aumentar o terraço apenas e assim ganhamos um cómodo para quinquilharias no espaço entre a cozinha e o muro (antes o corredor). Depois foi feita a mudança nos quartos, depois outras tantos para poder vir a aumento da cozinha. Não sei porque a ordem. Necessidade, vontade, ou dinheiro mesmo.

Depois as mudanças perderam seus padrões e as casas por consequencia também perderam. Tudo ficou completamente diferente, colorido, de tamanhos e formas variadas (parece que to fazendo propaganda de vibrador) e nem era mais tão difícil ou longe morar lá.

Um comentário:

Kaic disse...

Gostei. Me lembrou os textos do Antonio Carlos Viana em Cine Privê. Não leve isso como uma ofensa! É pelo simples fato do livro ser narrado na infância e adolescência. É sempre muito legal ler textos sobre coisas pessoais tornadas públicas de um jeitinho especial. Muito bom!