E hoje, sim, você me olha com curiosidade. Aquele olhar surpreso de quem achou algo. Não de quem acha algo que perdeu, mas que procurava.
Já eu, sentado em minha cadeira distante, deitado na minha timidez, viajando na minha carência, fui desperto por esse olhar. Vi verter em mim todas as boas sensações de ser achado. Correspondo os olhares da forma de quem pergunta: “eu?”.
Passo por você vezes e vezes. Você não me vê. Não é que fingi não ver, é que eu não me mostro e assim não tem como você me ver.
Então hoje, não, estou lá no mesmo lugar da outra vez. Sentado, quase de pé na esperança de você me olhar novamente. Você olha, mas não com o mesmo brilho. Depois de encontrar meus olhos você desvia os seus como quem já cansou do que teve.
Nisso eu, sento novamente na desilusão e volto a viajar em outra coisa qualquer. Qualquer que seja a coisa. Qualquer coisa seja a viajem.