quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dias sim, dias não

E hoje, sim, você me olha com curiosidade. Aquele olhar surpreso de quem achou algo. Não de quem acha algo que perdeu, mas que procurava.

Já eu, sentado em minha cadeira distante, deitado na minha timidez, viajando na minha carência, fui desperto por esse olhar. Vi verter em mim todas as boas sensações de ser achado. Correspondo os olhares da forma de quem pergunta: “eu?”.

Passo por você vezes e vezes. Você não me vê. Não é que fingi não ver, é que eu não me mostro e assim não tem como você me ver.

Então hoje, não, estou lá no mesmo lugar da outra vez. Sentado, quase de pé na esperança de você me olhar novamente. Você olha, mas não com o mesmo brilho. Depois de encontrar meus olhos você desvia os seus como quem já cansou do que teve.

Nisso eu, sento novamente na desilusão e volto a viajar em outra coisa qualquer. Qualquer que seja a coisa. Qualquer coisa seja a viajem.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sobre olhos entreabertos

Eu acredito em Amor.
Eu acredito em D’us.
Eu acredito em Paraíso.
Eu acredito na Fé.
Eu acredito na Amizade.
Eu acredito na Lealdade.
Eu acredito na Verdade.
Eu acredito até na virgindade de Britney Spears, de Sandy e da sobrinha de Gretchen.
Só não acredito na Humanidade.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

De como equilibrar cotovelos no ar*

...

- Porque se agente voltasse...

- Perai! Quem disse que quero voltar com você?

- Não, é... se agente ficasse junto...

- Quem disse que quero estar junto de você?

- E não quer?

- Quero! Quero tanto que chego a me revoltar por querer!

- E então?

- Isso não é motivo para fazer. Apenas querer não é motivo para fazer.

- Você não gosta mais de mim num é?

- Não, não gosto...

- ...

- GOSTO! Gosto tanto! Amo! Você sabe. Tem certeza disso.

- É eu sei.

- E por saber faz isso tudo. Age dessa maneira. Porque sabe que pode e não avalia se deve.

- Não sei. Pode ser que não seja por isso...

- Quem não sabe sou eu. Talvez nunca vá saber. Espero nunca saber.

- Talvez. Mas nunca é muito tempo.

- Nunca é racional, definitivo.

- ...

- ...

- Então você ainda me ama. Vai amar para sempre?

- Para sempre é muito tempo e já perdi tempo demais com você.

- E eu não mereço.

- Não mais.

- Já mereci?

- Há algum tempo sim.

- Então vou parar de gastar seu tempo. Tchau.

- Posso gastar algum agora.

- Pode? Comigo?

- Posso! Mas não quero. Tchau.

- Até mais.

- Adeus.


*Titulos apartir da frase que "tomei" de presente de Joana minha nova companheira de fotos e certos fatos

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Descartavel

Era o cigarro nos seus lábios.

Era o chiclete em sua boca.

Era eu nos seus lábios, na sua boca, nos seus seios, no seu ventre...

Teve as sensações da fumaça cinza.

Teve o doce do mel.

Teve os prazeres do toque das peles.

E os tratou como um

Queimou o cigarro e ao chão foi a brasa vermelha.

Sugou o doce do chiclete e ao chão foi a borracha insípida.

Teve seu luxo no meu corpo, mas ao chão ficou apenas o vestígio do pudor ao toque das intimidades.

Ficaram as vontades de futuro.

Ficaram as satisfações de se encontrar um par.

Já eu, com minhas asas feridas e cansadas,

me mantive no ar.

Nem se quer toquei o chão.

Voei numa brisa quente de esperança...

domingo, 6 de setembro de 2009

Sagesse

Eu não sei escrever poesia.

Não sei se uso s ou z.

Não sei aonde vão os tils, circunflexos e agudos.

Não sei se é pro, para ou oxítona.

Quantas silabas poesia tem?

Eu não sei escrever poesia.

Sei é abrir meu peito ao papel.

Sei mancha-lo com minhas lagrimas.

Sei desenhar meus sorrisos.

Se me debruço no papel, poesia não escrevo por que não sei.

No entanto, faço do papel branco um espelho

para um coração que bate

uma lagrima que rola

ou um sorriso que brilha.

E faço tudo isso sem ao menos saber escrever poesia.

Sobre caminhos e morangos

...

O chapeleiro olhou fundo para Alice e disse:

- Não Alice, Não é Tolice. Olhar para o inicio da estrada quando se esta no meio é tão importante quanto olhar para o final. Saber aonde se quer chegar pesa, mas como se pode aproveitar a gloria de saber como se chegou?

Alice, racional, respondeu:

- A gloria provem da vitória e não de como se chegou a ela.

O chapeleiro, cético, retrucou:

- Então Alice, me explique você porque os morangos maduros da cesta que você ganhou não estavam tão suculentos quantos esses, quase verdes, que nos esfolamos para colher?

Alice ainda levantou o dedo indicador e abriu a boca para dar a resposta ao chapeleiro, mas as palavras falharam. Faltaram na verdade. A razão de Alice perderia para a loucura do Chapeleiro mais uma vez. A menina resolveu dar atenção a algo mais importante. Pegou um morango meio verde meio róseo e pos todo na boca. Mastigou três vezes e suspirou se rendendo ao prazer do seu sabor.