Em algum momento de dois anos para cá eu envelheci. Não sei o dia exato, sei que foi nesse período.
Certa manhã acordei e me olhei no espelho, continuava com meus vinte e poucos anos e minha cara de quem tem menos de dezoito. Penteei-me com se tivesse quinze e sai para o mundo. Então comecei a perceber que as coisas ficaram mais estremas. O certo parecia muito certo. O errado muito errado.
Com o passar dos dias, meu sorriso, já raro naqueles tempos, foi aparecendo menos até se tornar um simples sobre erguer de um dos cantos da boca. Geralmente o esquerdo (por ser o lado coração?).
Olhava-me e olhava, mas nada tinha mudado fisicamente. Nenhuma ruga nova, nem um fio de cabelo branco. No entanto, a velhice era imperativa nas minhas ações e pensamentos.
Procurei esconder tudo isso na mascara de menino que já usava. Falhei! Dia-a-dia a faceta de menino-velho era mais exposta. Olhos ainda mais foscos e frios. Decisões mais definitivas e pensadas cada vez mais rápido. Menos dó, receio e duvidas. Mais certezas e determinações.
Penso se posso algum dia ir a resgate da juventude e infância que se perderam nesses dias. Penso, mas não ajo para que possa resgatá-las. Penso e só existo.
Um comentário:
às vezes me sinto assim, aquela carinha de mais novo escondendo um sentimento maduro de quem nao escolheu envelhecer...
mas é imoportante viver tranquilamente, sem se preocupar com isso, sua juventude será eterna se é este perfil que deseja seguir. Mas se o desejo for pela certeza da maturidade e um olhar sobre o mundo e nao inserido a ele... ai é outra história...
adorei o texto! ^^
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