Era meu olhar aos olhos delas. Depois era eu dentro dos olhos dela. Meu nome na boca dela, minha língua na boca dela, mais e mais de mim na boca dela.
A minha mão corria em busca dela. Cada curva que passava eu não sabia mais se era eu ou se era ela. Eram curvas, pêlos e fendas. Apenas isso. Sem dono, nem fim.
Era eu dentro dela. Ela a me devorar. Com todas as bocas, com todas as mãos. Buscado o palato quente dos sentimentos.
As peles eram uma só pele. O suor das sensações era o que as grudava. Grudava e davam um gosto salubre as palavras. Grudava e matava a sede das línguas.
Eram faíscas que começavam brotar no ar. Brotavam nos corpos. Tenho duvidas se não era apenas um corpo. De tão próximos, de tão dentro um do outro. Contrariando as leis da física.
As faíscas ascenderam o estopim da paixão. Que foi queimando deliciosamente pelas colunas daquele corpo único que eram dois. Uma explosão! Os corações se encarregaram do estrondo. As bocas cuidaram dos gritos de surpresa. Os pulmões eram responsáveis pela respiração pesada de emoção.
Eram dois corpos sobre os lençóis. Juntos, muitos juntos. Vejo-me novamente nos olhos dela. Minha mão corre seu rosto e afasta uma mecha de cabelo. Recebo um sorriso e devolvo. Beijo seus lábios. Procuro todas as palavras que conheço para agradecer aquele momento. Ela só diz “eu te amo” e faz bem melhor que eu.
A paixão começa a dar lugar ao amor pouco a pouco. Mas os corpos não desgrudam. Dentro daquelas paredes todo parece estar no lugar certo. Lá fora está tudo errado. Dentro tudo é perfeito. Lá fora mundo está acabando. No entanto, nenhum dos dois está dando a devida atenção. Ela fica indiferente. Já eu, desejo é que o mundo exploda mesmo.